terça-feira, dezembro 26, 2006

Murmuras : . (R)

Murmuras segredos da noite,
Nos olhos e no toque,
Te sorrio à procura sempre do outro lado de mim
E busco freneticamente o teu sorriso,
A tua atenção.


Sou o farol que desvia o teu olhar
E te guia até ao meu porto de abrigo.


Sou a tua sombra, o teu amante,
A tua costura no peito, o teu amigo.
Sou a cambalhota do trapezista
Que sustêm o teu respirar
Sou o teu sapato gasto,
E hoje vamos dançar?


Procuro-te na poesia
Pedaço de papel quebrado
No bolso da fantasia
Guardei o teu toque
A tua pele, o teu rosto, o teu dourado.
Joguei contigo aquela peça
Dois lançamentos, casa encarnada
Trocamos sinais e acertamos.

Ainda tive tempo de ser o brilho nos teus olhos
Segundos de felicidade que valem uma vida.

Uma mulher só : .

Uma mulher só
Uma mulher com mãos desenhadas da vida
E o encantamento que faz parar
E apreciar
Duma tela saída
E encostada na paisagem
De um lugar
E uma viagem

No outro dia vi-a sorrir,
Hoje vi-a tapar o sorriso
E andava sem destino,
Ou de destino decidida
No rosto fazia-se nua
Para mim disse de cor
Essas marcas de sabor
São as fases da lua.

Apetecia pegar nela
E dizer-lhe como é bela
Abraça-la e possuir
Tudo o que possa sentir
Num descuido singelo
Para que tudo fosse belo
Como a cor do seu cabelo
E tombar adormecido
Tal fosse esse o seu pedido
Com um beijo na face
Feito toque de arte
E deixa-la caída na noite
Feita em pó
Uma mulher só

Se Calhar : .

Se calhar havia uma árvore.
Uma arvore que fazia sombra aos humildes
Dava fruto aos esfomeados
E alegrava os namorados que se encostavam a ela
e debaixo da sua bela folhagem
davam o primeiro beijo
em cima do banco.

Se calhar era uma praça,
de gente que passava
e os vendedores ambulantes
armavam a sua barraca e vendiam os sabores da região.

Se calhar eram sabores que se misturavam com cheiros
e faziam sorrir a bela dama
que os sentiam numa noite de romance,
amor, fantasia e…
intermináveis carinhos.

Se calhar os transeuntes,
os palhaços, a menina das pipocas,
a criança que cavalgava nos ombros de seu pai
e brincava com o martelo que fazia sons,
a banda que se balança na caixa do camião,
os copos cervejas que caiam pelo chão.

Se calhar o rio que fica à esquerda,
a ponte, os barcos, todos os seres vivos,
os sons, os sabores
não viverão o suficiente para recordar aquela noite.

Se calhar, inventaram a cambalhota
para te ver soltar os mais espontâneos e belos sorrisos,

Se calhar criaram os morangos para te ver corar.
Se calhar o teu sabor é mel e amêndoas,
caramelo e chocolate
.

domingo, dezembro 17, 2006

Voltas : .

Era um som que me levava
a ver o mar e pintar
de olhos fechados o teu rosto

a alcançar o infinito horizonte.

Achei que pensarias

que nessa altura também
eu estaria a ouvir

uma música de Tchaikovsky.

O mar batia nas rochas,

o sol batia nas pedras molhadas
e o teu rosto iluminava-se.

Eu fotografei-te assim.

Ainda molhavas os pés
na natureza daquela passagem.

Guardava uma frase

para que voltasses
e me olhasses
sem que te apercebesses
que eu te soprava ao pescoço
num carinho sem pouse definida
num estalo de coragem
versus emoção
versus paixão
versus mundo sem tempo.

No arrepio do momento

dancei com os olhos
sobre o teu cabelo,
segurei eternamente o perfume
do teu sabonete
e cuidei
do meu sorriso
para te receber melhor.

As marcas dos teus pés

permanecem na areia
sempre que desejo,
agora sem me aperceber,
ver-te caminhar,
num nascer da noite eterna aliada ao meu sonho...

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Sem comentários

"Para que o sono, a fortuna e a saúde sejam realmente apreciados, devem ser interrompidos."
Jean Paul Richter

Eu bem digo: aquela coisa da felicidade...

"A cada minuto que passamos com raiva, perdemos sessenta felizes segundos."

William Somerset Maugham

de Goudi

"Quando os que mandam perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito."
Jean Paul de Goudi

AVISO À MUSA ( :sem respirar: )

Por onde andas já lá estive.

Limbo, pântano, barco à deriva.

Madrugada eterna. Sol prisioneiro.

Savana de chuvas frias de Dezembro.

Silêncios de igreja. Sonhos lilases

em rimas desfeitas. Papel inútil

debaixo do travesseiro. Canetas

esquecidas pelo chão. Tapetes sujos

de terra. Maçãs mordidas. Camas

em desalinho. Por aí já viajei, fútil,

abandonado, perdido. Nas chamas

de outros infernos. Na mão, o vinho,

onírica companhia. Há odes de poetas

ao longe, em gincanas de letras, ácaros

das literaturas desenganadas. Verdes

são azuis aos seus olhos. Pássaros

fugidos da gaiola da inspiração. Amam

as paisagens, como Platão a mulher

e não poupam o vento para o dizer.

Lembro-te, minha musa, como te perdes

nos braços dos cegos que proclamam

os teus ditâmes. És bruma: não me ames

e permite-me divagar por estes caminhos.

Ao menos conheço-os. Pressenti-os um dia,

numa aluvião desorganizada de pergaminhos,

alagando de esplendor todas as cidades.

E então morri, devastado na vã loucura

dessas invencíveis e demoradas tempestades,

moldadas em espirais de paixão oculta, em pura

explosão de incomensurável e revôlta poesia.

José António Gonçalves

quarta-feira, dezembro 06, 2006

O Terminal

O Terminal, filme que revi esta semana. Eu sou publicamente assumido anti-Tom Hanks. No entanto adorei a participação dele no “Forest Gump” no qual ganhou um Óscar e neste filme “O Terminal” no papel de Viktor Navorski. Poderia no entanto ser mais um filme sob a direcção de Spielberg. Baseado numa história de Andrew Nicol e Sacha Gervasi, achei que é sobretudo uma grande mensagem a ter em conta.
A mensagem é a da espera. Toda a gente está à espera de algo. O palco é um terminal de aeroporto mas podia ser um supermercado, uma escola, uma estação de serviço, entre tantos outros locais.
É curioso como sobre a inocência humana nós podemos aprender tanto, como o simples facto de que a espera compensa. Os provérbios populares costumam dizer que quem espera sempre alcança ou o maior juiz é o tempo. No entanto a espera pode estar associada a tantos objectivos e tão diversos que por vezes nos deixam hipnotizados levando-nos a correr sempre em fila indiana não nos apercebendo que estamos a ir para lado nenhum.
Há esperas instantâneas, como o sinal verde para arrancar num qualquer cruzamento. Há no entanto esperas que duram anos e mesmo vidas.
O facto não é esperar, o facto é gratificarmo-nos com a espera. É cumprir o objectivo da espera. Mudou o sinal para verde e arrancamos. Esperamos e agora somos compensados com a segurança em atravessar aquele cruzamento.
Hoje fiz o exercício num bar enquanto ia desfolhando as páginas de um jornal. Durante 15 minutos apercebi-me que o dono do bar esperava que a empregada fosse servir os clientes de uma mesa que ficava ao fundo junto a uma máquina de tabaco para passar a conta de despesa. A empregada esperava que os clientes, um grupo de 5 amigos escolhessem entre si as bebidas. Um senhor de idade esperava a hora de abertura de um posto de correios enquanto ia trocando algumas impressões sobre as notícias da actualidade com o dono do bar. Um casal, eventualmente muito íntimo, esperavam não serem encontrados pelos seus parceiros, recatando-se na parte mais escura do bar. Um bebé esperava no seu carrinho inocentemente que sua mãe termina-se o seu café e cigarro para sair para o ar um pouco mais puro da rua. A mãe dessa criança preocupada com a chuva que ia caindo na rua esperava a abertura da farmácia para assim atravessar apressadamente para não se molharem tanto. Isto foi tudo o que aconteceu em 15 minutos. No o exercício podia ser estendido no tempo e perceber o que aconteceria dali a 15 anos. Será que o dono do bar vai esperar muito mais até se reformar, passar o bar e ir fazer a viagem ao Egipto que me parecia ele tanto apreciaria ou por ser de lá descendente, pela cor da pele e pela feição, ou talvez voltar ao seu país. Será que a empregada irá esperar um dia pelo cliente que a levará ao altar, se sente numa daquelas mesas e lhe faça sucessivas declarações de amor, ou partirá para outra terra, outro país e/ou outro emprego? O casal na sua intimidade, irão eles esperar muito mais tempo para se juntarem definitivamente abdicando de tudo o que construíram com os seus outros parceiros, ou farão daquela relação uma relação de risco e por isso muito mais apetecível? O bebé vai esperar quantos anos para dizer à sua mãe que não devia fumar? A sua mãe vai esperar quantos anos para perceber que por mais atenção que tivesse dado ao seu filho ele ingressou por outros caminhos menos correctos na sociedade? E o reformado? E do grupo de amigos, quantos existiram daqui a uns anos?
Todos esperamos a curto ou a longo prazo por algo. As ruas estão decoradas, as casas arranjadas esperando as festas que se aproximam.
Eu espero que vocês sejam as pessoas mais felizes do mundo.
E vocês que esperam?

sábado, dezembro 02, 2006

Indispensável - Rolling Stones : Angie

Angie... Angie...Quando todas aquelas nuvens desaparecerão?

Angie... Angie...Para onde isso nos vai conduzir a partir daqui?

Com nenhum amor nas nossas almas

e nenhum dinheiro nos nossos casacos

Não podes dizer que estamos satisfeitos.

Angie... Angie...Não podes dizer que nunca tentamos

Angie... És linda...Mas não é o momento que dissemos adeus?

Angie... Eu ainda te amo...

Lembra-se de todas aquelas noites que choramos?

Todos os sonhos que seguramos tão firmemente pareceram

Evaporar-se na fumaça.

Deixa-me sussurrar no teu ouvido:(Angie... Angie...)

Para onde isso nos vai conduzir a partir daqui?

Oh! Angie... não chores...Todos os teus beijos ainda têm gosto doce

Eu odeio essa tristeza nos teus olhos.

Mas Angie... Angie...Não é o momento em que dissemos adeus?

Com nenhum amor nas nossas almas

e nenhum dinheiro nos nossos casacos

Não pode dizer que estamos satisfeitos.

Mas Angie... Eu ainda te amo, Baby!

Em todo lugar que procuro, vejo os teus olhos

Não existe uma mulher que chegue perto de ti.

Vamos Baby! Enxugua os teus olhos

Mas Angie... Angie...Não é bom estar viva?

Angie... Angie...Eles não podem dizer que nunca tentamos.

Em poucas palavras a roda-viva : .

Eu sei que para onde eu vou
Já de lá voltei.

O escravo que se apaixonou
Outrora fora rei.

Tu não és o único a estar só
Quando queremos ver a solidão basta limpar o pó.

domingo, novembro 26, 2006

E o poeta disse : .

E o poeta disse:
Vadia as letras em teus barcos alados
E no céu projecta o que não ousas dizer.

E o poeta disse:
Vêm de longe os pensamentos que te ocupam o tempo,
Calar é gastar a oportunidade de reunir o inseparável.

As frases não saíam e a vida não significava existir.

Sem frases não há poeta.
Sem poeta não há amor.
E o amor morreu.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Helloween : IF I COULD FLY

Se eu pudesse voar

Sem medo, sem dor

Niguém mais para culpar

Eu vou tentar sozinho

Traçar meu próprio destino

Eu aprendo a libertar minha mente

Agora eu preciso de me encontrar

Mais uma vez

Mais uma vez

Se eu pudesse voar

Como o rei do céu

Não poderia tombar nem cair

Iria pintar tudo

Se eu pudesse voar

Ver o mundo diante dos meus olhos

Não ia tropeçar nem falhar

Para os céus eu velejo

Se eu pudesse voar

Então, aqui estou eu

Em solidão eu espero

Eu tenho sonhos por dentro

Eu preciso compreender

A minha fé nasceu

Sem medo do desconhecido

Nunca mais

Nunca mais

Se eu pudesse voar

Como o rei do céu

Não podia tombar nem cair

Iria pintar tudo

Se eu pudesse voar

Ver o mundo diante dos meus olhos

Não iria tropeçar nem falhar

Poderia devastar a minha jaula

Se eu pudesse voar

Se eu pudesse, se eu pudesse voar

Se eu pudesse, se eu pudesse voar, se eu pudesse...

Se eu pudesse voar

Como o rei do céu

Não poderia tombar nem cair

Iria pintar tudo

Se eu pudesse voar

Ver o mundo diante dos meus olhos

Não ia tropeçar nem falhar

Para os céus eu velejo

Se eu pudesse voar.

Tu és poema sabido : .

Tu és poema sabido
Vida trazida no encanto
Esperteza de relâmpago
Contas soltas no oceano
Espergata de matemático
Resultado acrobático

És a fórmula para amar
Média máxima e intercepção
Real traço geométrico
Gosto linha e subtracção
Peso alma esquema eléctrico
Controlo remoto, carril, Sedução

És a cama feita de novo
Bola batida nas redes
Sal e ovo de Colombo
Banho quente de Arquimedes

Fomos passar no parque
Ofereci-te uma estrela
Rebolamos na avenida
Acabamos bebendo no cais
Rimos, choramos e cantamos
E agora para onde vais?

terça-feira, novembro 21, 2006

Paulo Coelho - 5 dele

"O sábio é aquele que, ao invés de matar suas paixões, consegue controlá-las."


"Lutar contra coisas que só passam com o tempo é desperdiçar energia."


"Aceitamos a riqueza filosófica do passado, sem esquecer os desafios que o mundo presente nos propõe."


"Quando se deseja uma coisa, a vida nos guiará até lá. Mas através de caminhos que não esperamos."


"Somente os mais sábios e os mais estúpidos nunca mudam de idéia."

sábado, novembro 18, 2006

C'est la vie

A vida é assim mesmo:

Uma dança sem regras nem preconceitos.

Em todos os nossos poemas : .

Agora que recebo nos teus braços
a força que me deixa debruçado
pensando que afinal és
um ombro que dá tudo o que quero.
Agora que defendes o meu ego
e cantas como o sol da manhã
dás-me as tuas mãos e danças.
Estou no teu olhar...

Embora sem saber se regresso
tudo pode parar o meu caminho
quero-te dizer: és espinha dorsal
tudo o que faço é em torno do teu sal
de lágrimas que demonstram a saudade
de energia que se transformam
e me fazem vencer todos os segundos.

Sinto a cor da tua face
que me envolve na noite que me acolhe
realizo todos os nossos sonhos
e cultivo todos os nossos desejos.
Somos magos num reino que existe
construido só para morarmos
em todos os nossos poemas...

domingo, novembro 05, 2006

quinta-feira, novembro 02, 2006

Há dias assim : . (r)

Há dias que nascemos
Ao virar de um sinal
Dias que nos correm como
Noticias de jornal;
Há dias quentes de espírito
Que nos aumentam o coração
Dias como poemas inacabados
Rasgados pelo chão.

Há dias que perdoamos
Se nos chamam campeões
Dias perdidos no nada
Como casas sem botões;
Há dias que tropeçamos
Pela Fé e pela moral
Dias que saímos nus
Porque o que conta é natural.

Há dias de gritar:
-O chefe não manda nada
Dias de beber água
Porque a republica esta parada

Há dias de S. Valentim
Ode a Camões irmão
Dias que são tramados
Como pulga no caixão
Há dias de semear
Disfarces de ditador
Dias de deitar para trás
Engolir sapos e fazer amor

Há dias que nos cativam
E receamos o seu fim
Arejados, saltitantes e gentis
Há, por acaso, dias assim…

quinta-feira, outubro 26, 2006

Sempre : .

Lembra-me o primeiro gesto que recebeste quando vieste ao mundo, sem contar com as palmadinhas que raio!

Lembra-me quantas vezes o quiseste receber de novo passados tantos anos, agora que cresceste.

Lembra-me se já pensaste pagar para receber um desses abraços simples, sem intensão mas que te seguram por segundos, quando quase queres partir, porque estás triste ou porque estás feliz, ou simplesmente, estás.

Lembro-me que o abraço que mais me comoveu recentemente foi o do meu cunhado, somos homens pá, e as lágrimas chegaram a verter. Ter um homem assim na familia é ter um tesouro debaixo da almofada, ter-te meu amigo e sentir num momento em que pensamos que nos afastamos, mesmo que seja por uns meses, e receber o teu abraço assim, é uma prova de que existimos porque pessoas como tu existem meu amigo.

Acreditem que é facil abrir os braços e abraçar a multidão, o bébé, a senhora, o pedinte, o carteiro, o ateleta, o... os... abraçar-te nem que seja por um milésimo segundo e ficará para sempre...

terça-feira, outubro 24, 2006

Não te apetece? VII : .

















Não te apetece pintar de azul o céu
e inventar a brisa ~
que chama por ti?

Não te apetece ser a nuvem
Que transporta a água
Que me molha o rosto
Que te tapa o sol
e me faz triste
num quadro de holandês
pintado em Pierrot face pura branca
vermelho carente
e brilho de lágrimas?

Não te apetece? VI : .






















Não te apetece pousar os remos do barco
que navegas e saltar num mergulho
que te leve ao encontro de uma ilha
onde possas guardar os nossos dias
no baú do amor e enterra-lo na areia marcada,
num mapa,
para as vindouras gerações
conquistarem tal tesouro,
tal e qual piratas
da primazia do amor?

Não te apetece? V : .

Não te apetece sorrir num espelho de agua e tocá-lo
com o dedo fazendo surgir a imagem
do amor que buscas por entre as ondas da vida?

Não te apetece acender archotes
e levantá-los na noite anunciando
ao teu cavalo alado aonde deve pousar
para te levar ao encontro do teu ser dual?

Não te apetece guardar o meu olhar
e a voz numa lata de ferrugem,

ou lavar os pincéis que nunca ousaste sujar?

Não te apetece prender-te a um fio
de linho e sentir o
conforto de uma manta feita especialmente
para mim?
Ou, cobrir-me de jornal e só
sentir as demências do mundo
que te repugnam e te coiçam, para o fundo?

terça-feira, outubro 17, 2006

Não te apetece? IV : .

Não te apetece recolher a noite
E guardar as estrelas num aquário de luz?

Não te apetece olhar o sol
Por entre os dedos cerrados e
Descobrir o teu rosto
Envolto em luz que cega o meu olhar?

Não te apetece confundires-me na multidão
e seguires-me acotovelando a azáfama em gesto de perdição?
Não te apetece ler em toda a parte
o meu nome e onde antes vias moinhos e montanhas
e agora ver a minha silhueta marcada
com a nitidez de um oásis
ou fogueira de prece
e busca de espíritos enfadonha
e destorcida mas carente
e piedosa
e apaixonante
e irresistível
e atenta
e delirante?
Não, não te apetece?

Não te apetece? III : .

Não te apetece parar um pouco
a tempestade
pensar, reflectir,
ler o livro que me escrevestes,
adormecer o futuro,
e deixar que o presente seja um porto dourado pela luz do sol,
para abarcar no maior dos devaneios,
não te apetece?
Não te apetece ser pena para escrever
lagrimas e solidão enjauladas por papiro,
em neblina,
perdidas em naufrágio no pensamento de Deus?

domingo, outubro 15, 2006

Não te apetece? II : .















Não te apetece prenderes-me
nos teus braços e sussurrar: - Não vás...
Ou: - Não voltes?

Não te apetece repetir
o que nunca me dissestes?


Não te apetece correr atrás de mim
num campo de malmequeres,
Como um gatinho atrás de sombras
em parede caiada?
Ou, fugir de mim como uma pena
na brisa do mar?

Não te apetece? : .

Não te apetece ter ou não ter?
Não te apetece decidir mesmo que errado?

Não te apetece bordar o som
com o meu nome e o teu?
Ou, apagar com nevoeiro a água
onde pintei dois corações unidos?

Não te apetece morrer ou viver por mim?

sexta-feira, outubro 13, 2006

O poder de sonhar : .




















Voa neste sonho que te envolve a alma.

quinta-feira, outubro 12, 2006

Bons sonhos : .

A palidez da lua
Acaricia-me a face esta noite
A solidão da terra apazigua-me o coração
Não sou o único a estar só

Espelho : .

Não te apetece?

Não te apetece bater em latas
A despertar toda a gente
para a magia que está a acontecer entre nós?
Ou, tapar todos os buracos
por onde surja o meu nome
que já não suportas ouvir?

sábado, outubro 07, 2006

Palavras ao vento : .

Vejo-te da minha janela
e penso se pudesse voar
tocar-te, embalar-te
como o vento que sentes na face
soltar-te palavras vazias de pressa
mas cheias de sentido
pregando-as ao ouvido
num ritmo destemido.

Digo ao vento que passa
leva estas palavras...
De graça que ela espera
e lavra o caminho
quero colher sorrisos na primavera.

É uma missão de guerreiro, eu sei
mas a guerra da vida a isto me habituou
por isso exijo a um Deus maior
imortalidade no que digo
e na escuridão da noite
uma luz no meu caminho à lua
podes ver assim que estou onde esperas
todas as noites que perdes
e ganhas todas as guerras.

Digo ao vento que passa
levas estas palavras bandidas
são roubadas do meu coração
mas medidas em doses
de tudo o que precisas
para viver assim
mais dias de felicidade.

Jogaram um dia a tua vida
numa roleta de esperança
mas cresceram demónios no teu quintal
numa tempestade chamada destino
e agora é tristeza que tu colhes
mas sei que lutas e mereces ganhar
todos os dias.
Acredito que vencerás
és por quem eu torço na frente
da bancada nessa tua vida magica de quem
sofre e vence.

Digo ao vento que passa
leva estas palavras...
De graça que ela espera
e lavra o caminho
quero colher sorrisos na primavera.

Manowar

Esta é uma das minhas bandas Heavy Metal preferidas...

Grandes baladas, grandes sons pesados, mas isto nunca esperava ouvir deles,

Surpreenderam-me como sempre.

Nessun Dorma, quem diria!

É lei : .

Hoje não quero voltar para casa
Não sei de onde vim
Eu nunca amei um objecto
Nunca fui dono de nada
Nunca persegui uma cruz abandonada
Sou um castelo de cartas
O meu as está no fundo
Se alguém mo roubar
nada acontece no mundo.

domingo, outubro 01, 2006

Matas-me com o teu olhar






















Noites frias de marfim
Noites frias ao luar
A conversa já no fim
Matas-me com o teu olhar.

Matas-me com o teu olhar
Matas-me com o teu olhar.

Sabes que esta vida corre
Como a sombra pelo chão
Nada fica, tudo foge
Ouve a voz do coração.

Matas-me com o teu olhar
Matas-me com o teu olhar.

São como cubos de gelo
Que eu sinto ao tocar
As palavras têm medo
Matas-me com o teu olhar.

UHF

Anjo Caído

















Um belo trabalho publicado no www.olhares.com

Implica-te : .

Viver implica abraçar o ar
tirar os pé do chão e mergulhar na multidão.
Implica ser maior todos os dias
tombar na cama com a sensação que aprendemos algo neste dia que passou.
Implica desatar um nó da garganta
sujar os colarinhos e vazar toda a energia a escrever um poema.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Faz nascer as estrelas : .

Recordo a vida atravessada numa ponte
E o que ela tem para me dar
Recordo um beijo que moveu o monte
E uma noite que quebrou o mar.
Recordo e vivo em função do sabor
Do som, do cheiro e da loucura
Recordo uma noite que valeu pelo amor
Pelo fogo, a batida e a aventura.

Ausente o corpo e o espírito grita:
Vem dançar ao som da chuva no telhado
Ausente o corpo e o espírito reivindica:
Vou dançar só no teu passo alternado.
Ausente o olhar que guardo na memória
Presente a falta do teu abraçar
Ausente e no momento a glória
Faz nascer as estrelas, que estou no mar.

domingo, setembro 24, 2006

Lições se calhar das nações

"A verdade é um espelho que caiu das mãos de Deus e se quebrou. Cada um recolhe o pedaço e diz que toda a verdade está naquele caco."
Provérbio Iraniano

"Duas coisas indicam fraqueza: calar-se quando é preciso falar, e falar quando é preciso calar-se."
Provérbio Persa

"Prepara-te para o que quiseres ser."
Provérbio Alemão

Vejam as diferenças

"Se caires 7 vezes, levanta-te 8."
Provérbio Chinês

"Tu és senhor do teu silêncio e dono da tua palavra."
Provérbio Romano

"Amanhã é sempre o dia mais ocupado da semana."
Ditado Espanhol

"Não declares que as estrelas estão mortas só porque o céu está nublado."
Provérbio Árabe

Para aprender...

Sofre muito menos, quem aprende à custa dos erros alheios.

Será mesmo assim?

"Se um homem pudesse ter metade dos seus desejos realizados, teria mais aflições do que prazeres."

Benjamim Franklin

terça-feira, setembro 19, 2006

A queda de um anjo (R)

Testemunhos da verdade
Tanto vão de mão em mão
Que se perdem com a idade
Porque ninguém nasce ensinado
O que aprendi já está errado
Não acredito no meu passado

É a queda de um anjo
Em cima de um homem
Que ao ganhar idade
Perde a razão

Ontem liam evangelhos
Hoje é lei a constituição
Mas que ninguém me dê conselhos
Nunca gostei que a maioria
Organizasse o meu dia a dia
Não acredito em democracia

É a queda de um anjo
Em cima de um homem
Que ao ganhar idade
Perde a razão.

A todos os anjos
De todos os sexos
Agarrem as asas ao cair do chão. ..

Delfins

segunda-feira, setembro 18, 2006

Nuno : .

Já se nota que é Outono:
Apercebi-me no olhar dos transeundes que fugiam da chuva junto à paragem do autocarro.
As folhas já se enrolam pelo chão ao toque do vento.
As cores multiplicam-se tristes mas belas, e assim lembro que a tristesa também pode ser bela.
O frio inrompe-me pelas costas e provoca-me arrrepio, fecho o casaco de cabedal, sacudo o ombro molhado, sinto um cheiro a castanhas assadas e a memória leva-me por segundos para uma praça de Coimbra.
Curioso pensar quem quando chega o Outono algo termina. Os antigos comentam que é uma altura de colheitas e que Deus também aproveita estas colheitas para levar os seus melhores frutos. Eu acredito, há uns anos atrás perdi um amigo, o meu grande amigo no Outono, ele foi o melhor fruto que a Terra deu. `
É Outono e tanto que eu ainda não fiz...

Eu pensei isto hoje : .

A poesia é por vezes a nudez da alma do poeta.

domingo, setembro 17, 2006

As pequenas coisas contam...

"Adoro as coisas simples. Elas são o último refúgio de um espírito complexo."
Oscar Wilde

A vida...

"A vida deu-me tudo o que pedi, mas se o que eu pedi foi muito pouco, aí é problema meu."
Jean-Paul Sartre

Coisas simples...

"A vida sem reflexão não merece ser vivida."
Sócrates

domingo, setembro 10, 2006

Para todos os dias : .

Como acordei?
Senti as tuas palavras
Senti a forma como escreves e lavras
As batidas do meu coração,
Como se fosses uma arvore gigante
E firme ao chão
E de ti caissem folhas pelo outono
Como lançadas de um trono:
Cada folha, uma palavra,
Que me embala
Neste dia que começa
Nesta manha que embeleza
E em que cada palavra peza
Por cada piscar dos olhos
Quando elas veêm aos molhos
Formando o tapete que me guia
Vou querer nascer neste dia...

quinta-feira, setembro 07, 2006

Hoje é : .

Hoje é dia que te marca uma data!
Hoje é dia de te tocar uma serenata!
Hoje é dia de te perfumar os sentidos!
Hoje é dia de te atender os pedidos!
Hoje é dia de te guiar numa dança!
Hoje é dia de te dar esperança!
Hoje é dia de te cuidar o olhar!
Hoje é dia de te enamorar!
Hoje é dia de te embalar no regaço!
Hoje é dia de te beijar com abraço!
Hoje é dia de te fazer existir!
Hoje é dia de te inventar e sentir!
Hoje é dia sem pecado e maldade!
Hoje é dia de matar a saudade!
Hoje é dia de termos encontros!
Hoje é um dia igual a todos os outros
Porque os dias existem como tu existes;
Se ês sonho: o dia é um sonho!
Se ês realidade: hoje é o dia da verdade...

quarta-feira, setembro 06, 2006

E se conseguires ver algo que só ele sabe explicar...












Tenta ter esta imagem maximizada no ecrã...concentra-te em 1 ponto e deixa o cerebro fazer o resto...acredita é d+++

Vermelho para sempre : .

terça-feira, setembro 05, 2006

Tudo o que fazemos : .

Eu perco o controlo
se penso em ti
eu perco o controlo
e descarrilo no teu colo
quero estar assim
a ver-te sorrir
e desejar nunca mais partir
algemar-me dentro de ti…
Eu perco a noção do tempo
que nós gastamos
eu perco a noção do tempo
e do espaço,
inventamos,
senti-mos

e tudo o que fazemos
é novidade
com um pó de saudade
e muito amor
como um propulsor
de sedução

e muita asneira
tipo um beija flor
e uma flor sineira…

Até podia mentir...

"Morrer por ti não morro, antes vivo para te amar..."
LX90

domingo, setembro 03, 2006

Eu consigo ver uma imagem 3D e tu?
















Concentra-te em um ponto e deixa o teu cerebro fazer o reto
é incrivel...

Neste dia assim, será assim...

Não há dias iguais e quem procura sempre encontra
Entre todos os desiguais, tu és bela no que conta
Revelei-me sobre ti, deixaste-me a sedução
Não descrevo como vi, nesse olhar uma paixão.

Naquele dia acordei, com desejo sobre mim
Senti-me servo de um rei, seu reino é um jardim
Balancei-me numa esfera dum trapézio voador
Senti-me dente de fera, mordendo por amor.

Descalcei-me e corri, por espinhos de seda
Voltei-me e morri, nessa boca doce e bela
Trapezista deambulando, trago fardo de alegria
Enquanto vou andando, desenho a poesia

Fiz da lua caipirinha, estou pronto a acomemorar
Pediste poesia minha, pedi-te pintura tua e pura
Perguntei-te sol, disseste amar....

quinta-feira, agosto 24, 2006

NÃO COMENTEM POR FAVOR

"Em matéria de amor, o silêncio vale mais do que a fala."

Blaise Pascal

E mais uma

"O coração tem razões que a razão desconhece."

Blaise Pascal

A relação com a morte

"O homem fraco teme a morte, o desgraçado a chama; o valente a procura. Só o sensato a espera."

Benjamin Franklin

domingo, agosto 20, 2006

Parar o tempo?

A frase indispensável

"Se cada um dos teus dias for uma faísca de luz, no fim da tua vida terás iluminado uma boa parte do mundo."

Osho

De todos os que te olham :. (R)

De todos os que te olham
Alguns te olham de maneira diferente
Não te olham apenas pela beleza
Do teu rosto ou a silhueta do teu corpo.
Alguém repara naquilo
Que de mais belo podes ter
Para além dessas mãos encantadas
Ou esses olhos de diamante.
Alguém deve reparar
Na tua simpatia
e busca-a freneticamente
Sem percepção de que é tua
E é natural
E na tua modéstia, alguém repara?
Humm... Que delícia!
Ver-te de mangas arregaçadas
Pronta para tudo,
Sabes demais e mais queres saber.
Fazes bem e mais sentes que deves fazer.
Até os teus gostos são interessantes.
As escolhas simples que fazes,
Os caminhos que usas para percorrer...
Mas isto, tu também sabes e sentes
Ou precisas saber para sentires:
Dos olhos que te olham, alguns te olham de maneira diferente.

domingo, agosto 13, 2006

A vida vista de lá de cima : .

A Veia do Poeta

Cansado do movimento
Que percorre a linha recta
Fui ficando mais atento
Ao voo da borboleta
Fui subindo em espiral
Declarando-me estafeta
Entre o corpo do real
E a veia do poeta

Mas ela não se detecta
À vista desarmada
E o sangue que lá corre
Em torrente delicada
É a lágrima perpétua
Sai da ponta da caneta
Vai ao fim da via láctea
E cai no fundo da gaveta

Ai de quem nunca guardou
Um pouco da sua alma
Numa folha secreta
Ai de quem nunca guardou
Um pouco da sua alma
No fundo duma gaveta
Ai de quem nunca injectou
Um pouco da sua mágoa
Na veia do poeta

Carlos Tê

sexta-feira, agosto 11, 2006

O Alquimista

"O Alquimista" que me foi oferecido há alguns anos,
estava guardado na prateleira até que deixei a casa.
Não o li de imediato, porque sei que os livros têm alma
e por isso são eles que nos pousam nos olhos
quando mais precisamos de os ler.
Quando preparei o saco de viagem
meti-o na bolsa da mochila
imaginando ter tempo para o ler na viagem,
numa paragem, numa estação de serviço, sei lá...
Foi na segunda noite após a minha chegada à Suiça
que ele se abriu para mim.
Senti que afinal tínhamos muito em comum
e ele tal como eu passamos pelo mesmo.
Senti-me pastor, vendedor de cristais
e também persigo um tesouro.
Fiquei algumas horas perdido no seu interior
e aproximei-me do fim, fechei-o,
e hoje passados 10 dias ainda não o abri,
não sei o final, não me quis dizer o final.
Eu sei que bastava-me abri-lo
e espreitar as poucas folhas que me contam o destino final
do inicialmente candidato a padre,
mas também sei que ele se vai abrir de novo para mim
na altura certa.
Há livros que nos ensinam,
há livros que nos comovem,
há livros que nos intrigam,
há livros que nos animam,
mas este livro para mim tem sido um amigo
como uma alma que me apoia,
se pode-se imaginar seria ele
um anjo para mim.

domingo, agosto 06, 2006

A todos : .

A todas as manhãs
às tardes
às noites
eu vos amo
eu vou sorrir

A todos os sons
piropos
guitarras
e assobios
eu vos amos
eu vou ouvir

A todos os caminhos
quedas
escaladas
noitadas
e piadas
eu vos amo
eu vou lembrar

A todos os recados
livros
infindaveis
desejos
eu vos amo
eu vou guardar.

A todo o credo
Deuses
acrobatas
e doces
de montra
eu vos amo
eu vou acreditar.

A todos os aparelhos
estados
criados
e convidados
eu vos amo
eu vou sair.

A todo o mundo
a todos

os meus amigos
eu vos amo
eu vou partir.

AS ILHAS AFORTUNADAS

Que voz vem no som das ondas
Que não é a voz do mar?
É a voz de alguém que nos fala,
mas que, se escutamos, cala,
por ter havido escutar.
E só se, meio dormindo,
Sem saber de ouvir ouvimos,
Que ela nos diz a esperança
A que, como uma criança
Dormente, a dormir sorrimos.
São ilhas afortunadas,
São terras sem ter lugar,
Onde o Rei mora esperando.
Mas, se vamos despertando,
Cala a voz, e há só o mar.
FP

sexta-feira, julho 28, 2006

Saudades do Futuro

Há sempre alguém que nos diz: tem cuidado
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco
Há sempre alguém que nos faz falta
Ah, saudade…
Chegou hoje no correio a notícia
É preciso avisar por esses povos
Que turbulências e ventos se aproximam
Ah, cuidado…

Há sempre alguém que nos diz: tem cuidado
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco
Há sempre alguém que nos faz falta
Ah, saudade…
Foi chão que deu uvas, alguém disse
Umas porém colhe-se o trigo, faz-se o pão
E se ouvimos os contos de um tinto velho
Ah, bebemos a saudade…

Há sempre alguém que nos diz: tem cuidado
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco
Há sempre alguém que nos faz falta
Ah, saudade…
E vem o dia em que dobramos os nossos cabos
Da roca a S. Vicente em boa esperança
E de poder vaguear com as ondas
Ah, saudades do futuro…

Trovante

RESTOLHO

Para mim é uma lição de vida
e é da autoria de uma grande mulher

"
Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda

Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a viver
e a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
prá receber daquilo que aumenta o coração"
Mafalda Veiga

Até já...
















(www.olhares.com)

quarta-feira, julho 26, 2006

Memórias de um beijo

Lembras-me uma marcha de lisboa
Num desfile singular,
Quem disse
Que há horas e momentos p´ra se amar

Lembras-me uma enchente de maré
Com uma calma matinal
Quem foi
Quem disse
Que o mar dos olhos também sabe a sal

{as memórias são
Como livros escondidos no pó
As lembranças são
Os sorrisos que queremos rever, devagar}

Queria viver tudo numa noite
Sem perder a procurar
O tempo, ou o espaço
Que é indiferente p´ra poder sonhar

Quem foi que provocou vontades
E atiçou as tempestades
E amarrou o barco ao cais
Quem foi, que matou o desejo
E arrancou o lábio ao beijo
E amainou os vendavais

Trovante

terça-feira, julho 25, 2006

Bom dia : .

Apanha o sol com o olhar
como o pegar numa criança
e sente o nascer do dia
como o convite para uma dança.

E tu é quem conduz
o teu par é o mundo
os teus passos são de luz
e a dança é para amar

segunda-feira, julho 24, 2006

Poema Desatinado (inédito-2ª publicação)

Tu és poema desatinado
Concerto de violino rasgado
Flores envoltas num tornado
Rosto de filho zangado
Perdido chão de achado

És poema caricato
Repetido norteado
Confúcio e Viriato.
Louca onda batendo no cais
Profeta de doses bestiais
Rua estreita de vendavais
Carrossel desgovernado
Propulsor acelerado
Patrão alvoraçado
Potro rude cavalgado

Tu és assim e te fiz rainha
Numa noite de luar
Desejava ver-te minha
E até poder cantar
Sonetos e chilrear
Na manhã ao teu lado
Tipo dente e rebuçado
Mas rodas-te numa dança
Passo valso e desgovernado
E na volta de um beijo de ansa
Sou só teu equivocado.

As pessoas são estranhas : .

As pessoas são estranhas
Quando nos sentimos estranhos
Explorando as entranhas do seu olhar
Eu fico estranho, quando um estranho
Me olha de lado e com significado desse olhar.

quinta-feira, julho 20, 2006

Efeito















(www.olhares.com)

A Causa : .

O sol que dá luz ao dia
Brilha como o teu sorriso
Que me invade a manhã
Com vontade de realizar um milagre:
Hoje vou ser Deus,
E tu a causa porque luto.

terça-feira, julho 18, 2006

Por Existir : .

Hoje gostava de te abraçar
Embalar
Destapar-te na cama e beijar.

Hoje gostava de me envolver contigo
Ser vadio
E roubar-te um momento de amigo

Hoje podíamos guardar o tempo
Em silencio
Partilhar de olhares o momento

Hoje podíamos só sorrir
Insistir
Resistir e depois partir

Podíamos deixar-mo-nos caídos
Perdidos
Confundidos
E voltar para trás querer mais
E mais
E sorrir como crianças
Como sol por entre as nuvens
Amainando a tempestade.

Hoje e amanha e depois
Sermos dois
Sem receio de proveito
Sem defeito
Porque amar é natural
Como orvalho matinal
Se ele cai é porque existe
E não é triste
Por existir.

segunda-feira, julho 17, 2006

Pequeno Pormenor

Pequenas coisas que faltam na vida
Tornam-se as grandes incompletas
Pequenas coisas fazem parte
Não te esqueças
A grande ponte para lado nenhum
Fica distante da pequena estrada
Esburacada, onde arriscas a vida
necessáriamente
E se tudo é um todo
E o todo é que importa
Não ponhas de lado
Aquilo que falta
Mesmo que não tenhas tempo
Pensa o que tens a fazer
Mede bem a importância
Dum pequeno pormenor
Um parafuso no foquetão
Um beijo ao deitar, um papel no chão
Uma prenda com cartão, um voto aqui
Ali um não
A justiça em grande faz sombra à pequena
Frágil, diária de todos
Tantas pequenas injustiças
tornam falso o sistema
A pequena dor nunca aliviada
Nas filas de espera do grande hospital
torna a doer, mesmo que te digam
vais ser atendido mais lá pro outro natal
Se tudo é um todo
E o todo é que importa
Não ponhas de lado
Aquilo que falta
Mesmo que não tenhas tempo
Pensa o que tens a fazer
Mede bem a importância
Dum pequeno pormenor
Um parafuso no foquetão
Um beijo ao deitar, um papel no chão
Uma prenda com cartão, um voto aqui
Ali um não
Xutos & Pontapés

quarta-feira, julho 12, 2006

CHEGASTE-ME EM SONHOS

Chegaste-me em sonhos. Nem era uma praia,
uma ilha deserta, uma gruta pré-histórica,
mas dei por mim a escrever-te cartas de amor
com estalactites, como se banhasse o chão
a derreter-me a alma com o seu frio líquido
e o seu ridículo fugaz, desproporcionado na solidão,
mas ridículas não são as cartas, apenas as palavras.

Via-te como uma deusa, uma desconhecida
filha de santa, pastora dos rebanhos sagrados
da montanha, amante da poeira de livros antigos
em homenagem à passagem do tempo, provadora
de líquens e cultivadora de plânctons, observadora
de peixes em movimento, mascarados de adjectivos,
nadando fora dos aquários ainda sem destino.

Embebido na angústia, à luz frágil de uma fogueira,
medito em coisas únicas, em quietos sobressaltos
de sombras espalhando-se no silêncio das paredes
e como foi bom apareceres por aqui, no descampado
das páginas por encher de ideias e de folhas verdes,
como as das árvores mais altas, usadas para desanuviar
a chuva nas pálpebras dos seres tristes. Anjos acabrunhados
e olvidados da sua missão obrigatória, de se render
aos benéficos percursos, desenhados por novas mãos
apaixonadas pelo teu corpo, onde não se vislumbra
até onde pode ir o sofrimento. É uma poção envenenada,
impura, a juntar na dor as carícias, como numa tempestade
se procuram os sobreviventes temerosos da morte,
e a colocá-los em altares da eternidade, na escuridão.

Olho-te nos olhos e encegueiro. Confesso-te
a impossibilidade de manter a imagem precisa
que me atormenta no centro destas palpitações
a invadir-me a memória. Mas condescendo, aceito
o preenchimento de todo este vazio, deste nada
cristalizado em versos, com o eco do teu chamado,
ciciado nas noites infinitas, obrigando-se a partir
em permanente viagem. Não conheço, ou já esqueci,
o mar de sentimentos que antes me oprimia o peito.

O dia, pressinto-o agora, fica muito longe de mim,
construído com o vão arfar de um pesadelo alado,
sepultado em ruínas pelo matagal de um existir
a que no eco das distâncias recuso revelar um fim.
Para relembrar-te deito-me com um monte de pedras
e abraço-o, acordando de madrugada, clamando por ti.


José António Gonçalves(inédito.02.11.04)

125 Azul (uma história interessante)

Foi sem mais nem menos
Que um dia selei a 125 azul
Foi sem mais nem menos
Que me deu para abalar sem destino nenhum

Foi sem graça nem pensando na desgraça
Que eu entrei pelo calor
Sem pendura que a vida já me foi dura
P´ra insistir na companhia

O tempo não me diz nada
Nem o homem da portagem na entrada da auto-estrada
A ponte ficou deserta nem sei mesmo se Lisboa
Não partiu para parte incerta

Viva o espaço que me fica pela frente e não me deixa recuar
Sem paredes, sem ter portas nem janelas
Nem muros para derrubar
Talvez um dia me encontre
Assim talvez me encontre

Curiosamente dou por mim pensando onde isto me vai levar
De uma forma ou outra há-de haver uma hora para a vontade de parar
Só que à frente o bailado do calor vai-me arrastando para o vazio
E com o ar na cara, vou sentindo desafios que nunca ninguém sentiu
Talvez um dia me encontre
Assim talvez me encontre

Entre as dúvidas do que sou e onde quero chegar
Um ponto preto quebra-me a solidão do olhar
Será que existe em mim um passaporte para sonhar
E a fúria de viver é mesmo fúria de acabar

Foi sem mais nem menos
Que um dia selou a 125 azul
Foi sem mais nem menos
Que partiu sem destino nenhum
Foi com esperança sem ligar muita importância àquilo que a vida quer
Foi com força acabar por se encontrar naquilo que ninguém quer

Mas Deus leva os que ama
Só Deus tem os que mais ama

Trovante

quinta-feira, julho 06, 2006

Poema à tardinha : .

Tu és poema à tardinha
Escrito com letra miudinha
Em tom de corar
Desdenhado no olhar
Quando vês partir o sol.

És contorno em horizonte
Fio fresco de uma fonte
Rara pedra preciosa
Cor perdida de uma rosa
Entre canto rouxinol.

És apoteose, efeméride
Acaso e serie breve
Tabuada soletrada
Frase longa depravada
De final a divagar.

Não existe só fonemas
Nem existem só poemas
Nem flores nem sabores
Nem espadas nem louvores
Que te deixem acreditar?

Foi Deus que te criou?
Não foi artesão que te moldou,
Nem pintor que te fez em tela,
Nem poeta que te espelha
nessas formas mais perfeitas?

Esse olhar é tão meigo
E tudo mais de que sou leigo
Mais que sonho se te deitas
Mais que deito se te vejo
E arraso se me aceitas
E aceito num só beijo
E beijas todo o desejo
E desejas se te deitas
E deito se me aceitas
Se te beijo e desejo...
Tu aceitas?

quarta-feira, julho 05, 2006

Marcha Dos Desalinhados

Eu não quero estar parado
fico velho
vou marchar até ao fim
isolado
nesta marcha solitária
dou o corpo, ao avançar
neste campo aberto
ao céu

ninguém sabe
para onde eu vou
ninguém manda
em quem eu sou
sem cor nem deus nem fado
eu estou desalinhado

por tudo o que eu lutei
ser sincero?
por tanto que arrisquei
ainda espero ...
esta marcha imaginária
quantas baixas vai deixar
neste sonho desperto?

Delfins

Algumas das minhas obras : .

Por vezes sentimo-nos tão pequeninos...















Agitaram-se as águas...














Um tapete natural... Apetece rebolar...














Maravilho...Até nos podia picar mas é um exemplar fantastico!















Textura de uma noite...

sábado, julho 01, 2006

Um Homem na Lua : .

O Amor segundo o MEC

- A morte é um nojo. Morrer é uma autêntica vergonha. Que sentido é que faz? A vida pode não ser bonita, mas a morte é um horror. Qual paz, qual sopa de alho porro. Qual "não tenhas medo, estás nas mãos de Deus"! Diante da morte, o medo é a única reação sensata que se pode ter. A morte é um atraso de vida.

- A vida pode ser difícil mas a morte é demasiado fácil. A vida é diferente mas a morte é igual. A vida é comprida. A morte é um instante. Da nossa vida tudo nos é pedido e esperado. Da morte ninguém exige nada. Mais vale viver mal e errado que morrer bem a arrumado.

- Um menino é um fascista com lapsos de anjinho. É um tirano-junior maníaco depressivo de lágrima-puxa-risota e risota-puxa-birra, com o coração mais branquinho, a transbordar de fuligem e de maldade. É um psicopata com as asas presas nos suspensórios.

- Voltar a Portugal é como voltar a fumar: é maravilhoso e, ao mesmo tempo, horrível.

Miguel Esteves Cardoso - O Amor é Fodido

quinta-feira, junho 29, 2006

Fizeram os dias assim

Por mais que larguem os braços
Por mais que soltem amarras
E que se tapem as covas

Por mais que rasguem os quadros
Por mais que queimem as leis
E que os costumes esmoreçam

Por mais que arrasem as feras
E que os papões arrefeçam
E que as bruxas se convertam

Por mais que riam as caras
E que ternura se esqueça
Por mais que o amor prevaleça

Vocês
Fizeram os dias assim!

Não nos venham pedir contas
Não venham pôr-nos regras
Sabemos que os nossos dias
Não vão ser gastos assim!

Trovante

terça-feira, junho 27, 2006

Há dias assim : .

Há dias que nascemos
Ao virar de um sinal
Dias que nos correm como
Noticias de jornal
Há dias quentes de espírito
Que nos aumentam o coração
Dias como poemas inacabados
Rasgados pelo chão
Há dias que perdoamos
Se nos chamam campeões
Dias perdidos no nada
Como casas sem botões
Há dias que tropeçamos
Pela Fé e pela moral
Dias que saímos nus
Porque o que conta é natural
Há dias de gritar:
-O chefe não manda nada
Dias de beber água
Porque a republica esta parada
Há dias de S. Valentim
Ode a Camões irmão
Dias que são tramados
Como pulga no caixão
Há dias de semear
Disfarces de ditador
Dias de deitar para trás
Engolir sapos e fazer amor
Há dias que nos cativam
E receamos o seu fim
Arejados, saltitantes e gentis
Há, por acaso, dias assim…

Murmuras : .

Murmuras segredos da noite,
Nos olhos e no toque,
Te sorrio à procura sempre do outro lado de mim
E busco freneticamente o teu sorriso,
A tua atenção,
Sou o farol que desvia o teu olhar
E te guia até ao meu porto de abrigo
Sou a tua sombra, o teu amante,
A tua costura no peito, o teu amigo.
Sou a cambalhota do trapezista
Que sustêm o teu respirar
Sou o teu sapato gasto,
E hoje vamos dançar.
Procuro-te na poesia
Pedaço de papel quebrado
No bolso da fantasia
Guardei o teu toque
A tua pele, o teu rosto, o teu dourado.
Joguei contigo aquela peça
Dois lançamentos, casa preta
Trocamos sinais e acertamos.

Ainda tive tempo de ser o brilho nos teus olhos
Segundos de felicidade que valem uma vida.

sexta-feira, junho 23, 2006

onde te vais esconder?

Desculpa o silêncio
Que trago em mim,
São gritos que penso
Que calo assim.
Desculpa as palavras
Que não saem da voz,
São noites cansadas,
Pedaços de nós.

E tu, onde te vais esconder?
E tu, onde te vais esconder?

Desculpa o beijo,
É o desejo a morrer.
E tu, onde te vais esconder?

Desculpa os dedos
Que te querem tocar,
Descobrem segredos
De suor e de mar.
Desculpa as manhãs
Em que acordas sozinha,
Levou-me a maré
As memórias que tinha.

E tu, onde te vais esconder?
E tu, onde te vais esconder?

Desculpa o beijo,
É o desejo a morrer.
E tu, onde te vais esconder?

Quanto tempo passa,
Quanto tempo tenho,
Quanto tempo fica p’ra te dar.
Quanto tempo vais,
Quanto tempo ficas longe,
Quanto tempo tenho para te dar mais?
Por quanto tempo partes,
Quanto tempo levas,
Quanto tempo deixas o teu corpo em mim?
Quanto tempo pedes,
Quanto tempo guardas,
Quanto tempo temos, quando o tempo chega ao fim?
E tu, onde te vais esconder?

Pedro Abrunhosa

quarta-feira, junho 21, 2006

Acerta-se a Rima : .

Hoje envolvi a tua mão
com a minha
fechei-a e pedi-te um segredo
vais junta-la no teu peito
e adormecer com ela no enredo
desse teu sono
que persegues há minutos
eu vejo-o
como a montra vê os putos
como a luz vê os vultos
e desenho com o meu olhar
o teu caminho
com o meu pensamento
o teu destino
agora corres,
agora paras
olhas para a direita
olhas para cima
a lua se deita
acerta-se a rima.

Holla!comovais? : .

segunda-feira, junho 19, 2006

REFRIGÉRIO

um homem e uma mulher
aproximam-se de uma porta
com uma chave na mão.
avançam
como se não respirassem.
um deles
mete a chave na fechadura
e entram.
assim que fecham a porta
atrás de si,
olham-se um instante e
lançam-se um ao outro,
prendendo-se com as mãos e
abrindo caminho com a cara, com a boca.
passado pouco tempo
arrastam-se no chão
procurando cada lugar do corpo
com cada lugar do corpo,
arqueando-se
ou amoldando-se evorazmente
passando de uma para outra entrada.
ambos têm a boca molhada
quando se levantam,
passada uma hora,
arfando enlaçados,
mas
devora-os ainda
uma sede quase infinita
e impossível de satisfazer.

ALBERTO PIMENTA

(Um chamado) Desejo Eléctrico

Ter uma irmã uma companhia real ou fantasia
Alguém como eu e tão diferente como quem rasga um véu

Ser como ela e por dentro quente
Ser dois corpos alguém ausente

Ter que ser velho e como um bebé sonhar dormir de pé
Pago um preço ofereço um berço onde já estive doente
Pago um preço ofereço um brinquedo que embalei dolente

Ser como ela e por dentro quente
Ser dois corpos presente

Pago um preço dou um sorriso
Pago um preço o meu primeiro dente

Qual é o teu preço brinca comigo (fica comigo)
Qualquer preço recordações da avó

E pago o teu preço
Qual é o teu preço
Não te mereço
Qualquer preço
Recordações em pó.

GNR

quinta-feira, junho 15, 2006

Manequim : .

O ultimo ramo de flores
Caia estatelado naquelas tábuas
Que juntas são um palco
O Ponto disse: -Até amanhã.
Despi aquela farda que me tornava alguém
Limpei a pintura que alegrava alguém
E em cima da mesa as mensagens do costume:
De alguém.

A chuva parou há pouco
E pela rua molhada
Espelha-se o reflexo dos néons.
Havia um diferente, meio apagado,
Tombado,
Como se tivesse os dias contados,
Fez-me erguer a cabeça,
Por entre as golas do meu sobretudo
Conseguia-se ler,
Na porta: “Vende-se”
Na montra um manequim
Vestido duma data extemporânea
Com uma cor extemporânea
Com uma pose, um cabelo e um olhar
Extemporâneos.

O rio teimava acompanhar-me
Queria contar os meus passos?
Mas aquele manequim fixava-me
Todas as ideias.
Adormeci guardado naquele olhar
De manhã acordei extasiado
Parecia que o calendário tinha parado
Não me preocupava cumprir os compromissos
Que anos havia apenas vivido.
Preocupava-me aquela montra.
Preocupava-me aquele manequim.
Duas semanas passaram
Todos os dias no final do espectáculo
Eu voltava por aquela rua
E passava horas falando para aquela montra
Não é que o manequim se ria
Por vezes dançava para mim
Fazia caretas, chorava,
Chegou até a beijar o vidro
E eu senti aquele calor labial!
Sentia-mos uma dependência além
Do natural, além do físico
Além do explicável por qualquer formula
Matemática criada até hoje.
Decidi aparecer numa tarde
A rua parecia outra
Pessoas passavam sem vida
O barulho de tudo que parecia ter vida
As crianças corriam para a vida.
As aves rasavam com vida
Dois idosos restavam da vida.
Prostitutas voltavam e vendiam
A vida.

O néon estava direito
A fachada pintada de fresco
A montra tinha outra arquitectura
Mas não havia mais manequim
Naquele lugar agora
Três arames com pano
Candeeiros de arame
Letras grandes de números
Presas em arame.

Começava a musica
Era o mote para a minha entrada fulgurante
Sei que a sala estava cheia de alguém.
Sobre as luzes dos projectores
Os olhares fixos avalizantes
E eu seco, sem sabor,
Sem manequim não havia espectáculo
Sei que não tinha alimento quando
Sai-se dali.
O Ponto aumentava a voz
Sentia que eu não ouvia.
Tudo parou,
Fez-se silêncio
Pareciam horas que me permitiram
Perceber o que cada rosto era em alguém
Apagaram-se as luzes
Desapareciam os rostos
Surgia alguém a assobiar
E ria…
E eu conhecia aquela gargalhada
Levantou-se do meio de alguém
Quem eu conhecia
Aquele manequim que agora
Aplaudia e retorquia
Com bravos e flores
Afinal existia e tinha vida
Foi liberta e procurou-me.

No meio da multidão
Não atendemos
Quem precisa da nossa atenção
Sem os pequenos sinais.

terça-feira, junho 13, 2006

Não são só Pontos : .

Surpresa! : .

Enfim anoiteceu
Acenderam-se as luzes
De regresso a casa,
A caixa do correio vazia.
Peguei um copo de leite
Tirei a roupa e pousei-me sobre a cama
Fiquei minutos a olhar o tecto
Branco,
Com a luz do candeeiro reflectida
Olhei para cabeceira
Estendi o braço
E puxei aquele livro
De poemas que te disse que ia ler
Na capa uma imagem de praia
Corpos desnudados
Duas palmeiras
E um por do sol
Já tem uns anos, pela imagem!
Eu já não imagino o paraíso assim.

Tocou o despertador,
Acordei alvoraçado,
Tinha adormecido a ler o livro.
Incrível como o tempo passou!
E eu nem vivi aquelas 4 horas…
Noticias na rádio,
Guerra, impostos a subir
Casos judiciais e futebol.
O computador ficou ligado
A caixa de correio cheia:
Reenviadas, reenviadas,
Publicidade, reenviadas,
Há… Uma piada nunca antes vista!
Tinha de ser do Bush.

È hora de tomar um bom banho
Colocar-me à estrada
Hoje prometo que vai ser um dia diferente
Tal como este texto que não diz nada…
Obrigado por teres lido.

domingo, junho 11, 2006

sexta-feira, junho 09, 2006

Onde estavas há 1 ano ? : .

Barco para Afurada

Leva homens, poetas
E gente encantada,
Trocam beijos, piropos
Pedaços de nada.
Na margem espera
A pressa do dia,
Ficam presas em terra
As vidas vazias.

Atravessam soldados, amantes,
E velhos distantes
E loucos contentes,
Meninas de lábios cortantes
E olhares provocantes
Seduzem correntes.

Rasga o silêncio da estrada
Rio madrugada,
D’ouro, marfim.
O Barco para a Afurada
Cidade cansada
Tão longe de mim.

Rezam padres discretos, selectos
E amores inquietos
Navegam o rio,
Mulheres de futuro cansado
Murmuram um fado,
Enganam o frio.

Sob a sombra da ponte,
Que é a sombra do mundo,
Cada onda é um canto
De um dia profundo,
E o piloto conduz
Mais do que as gentes que leva,
São os sonhos que estão
Ancorados em terra.

Tocam-se valsas
E roçam as calças
Por entre dois passos de dança,
Despertam amores,
Esquecem-se as dores
Que o desejo ardente não cansa.

E solta-se o mar
A reboque dos sinos,
São os homens que o barco
Faz de novo meninos,
E acordam poemas
Libertos na voz,
Descobrem apenas
Que não estão sós.

Barco que trago no peito,
Meu sonho desfeito,
Espera por mim.


Pedro Abrunhosa

Agarra-me esta noite

"Onde estiveres, eu estou
Onde tu fores, eu vou
Se tu quiseres assim
Meu corpo é o teu mundo
E um beijo um segundo
És parte de mim

Para onde olhares, eu corro
Se me faltares, eu morro
Quando vieres, distante
Solto as amarras
E tocam guitarras
Por ti, como dantes

Agarra-me esta noite
Sente o tempo que eu perdi (mmmmm)
Agarra-me esta noite
Que amanhã não estou aqui."

Pedro Abrunhosa

terça-feira, junho 06, 2006

A vida como um bolo : .













Imagina a tua vida como este bolo...

segunda-feira, junho 05, 2006

Quero : .

Quero ver-te dançar na manhã clara
Quando sol não quiser se esconder do céu
Quero ver-te rodar de braços no ar
Ver o teu vestido cobrir-te como um véu
E se fores a cair quero-te amparar
Escrever na praia: “meu coração é teu”

Quero ver-te apanhar o último comboio
Persegui-lo até ao fim da estação
Quero amanhecer tombado em ti
Sentir o bater do teu coração
E escrever em poema tudo o que vi
E gritar que te amo no meio da multidão.

Quero saber como são os teus pés
Quando danças descalça no areal
Escolher a tua melhor fantasia
Enroscar num samba de Carnaval
E depois beber aquela sangria
Acabar num rodo de atracção fatal.

Quero descer a avenida de encontro a ti
Sacar-te um beijo no número 500
Quero pintar-te nas ruas da cidade
Contornar-te o corpo com mil beijos sedentos
Quero reunir nossos sentimentos
Nossa felicidade
Nossa harmonia
Nosso dia-a-dia...

quarta-feira, maio 31, 2006

Cada Lugar Teu

Sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoa
guardar só o que é bom de guardar

Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar

Fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçar
tudo o que eu te dei

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só

Eu Vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar

Mafalda Veiga

segunda-feira, maio 29, 2006

O peão : .





Quantas vezes te sentiste sozinho(a) no jogo da vida?

Quantas vezes jogaste e foste a peça mais fragil e tombaste?

Quando te moves qual a certeza dessa jogada?

Esta foto dá-me essa ideia...e a ti?

sexta-feira, maio 26, 2006

Vejam bem

Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem se põe a pensar
quando um homem se põe a pensar
Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar
E se houver
uma praça de gente madura
e uma estátua
e uma estátua de de febre a arder
Anda alguém
pela noite de breu à procura
e não há quem lhe queira valer
e não há quem lhe queira valer
Vejam bem
daquele homem a fraca figura
desbravando os caminhos do pão
desbravando os caminhos do pão
E se houver
uma praça de gente madura
ninguém vem levantá-lo do chão
ninguém vem levantá-lo do chão
Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem
quando um homem se põe a pensar
Quem lá
vem dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar

??C? ?F???? - o GRANDE

Nude @ Mondego : .















Curiosa esta pintura num local com vista para o novo forum. Há sitios por onde passamos todos os dias e não reparamos nos pormenores.
Aqui fica mais uma forma de arte. Deve ter alguns anos. É um painel bem grande e com umas cores bem vivas!

quarta-feira, maio 24, 2006

Mondego : .


Atitude : .

Dá o passo no teu novo caminho
Com a firmeza de uma arvore secular
Ao olhares para trás verás que a sombra
Te persegue e fará recuar.
A vontade é a ignição desse teu passo fidedigno
Por vezes na vida é apenas o que nos resta
A tal atitude. O grito do objectivo.
Dá o passo. E um dia farás a festa.
O teu livro tem tantas páginas
Tu escreves os capítulos a criar
Não sejas uma lata ferrugenta
Que se lamenta de não mudar.
Podes ser uma lata recuperada
Uma nova vida, nova utilidade.
Mas dá o passo, mexe as pernas.
Procura, mesmo em vão, a felicidade.
A vida não tem um mapa, um GPS.
Um destino, se quiseres prever
Mas o teu passo tem de ser dado
Para algo acontecer.
Rasga o dia, faz a vida mudar
Desembaraça-te desse nó
O importante é dares o passo
E não julgues que estás só.

terça-feira, maio 23, 2006

Barra : .

Macro - MUNDO FANTASTICO

















www.olhares.com

A insustentavel beleza do ser






















http://www.olhares.com

Bom dia

Hoje eu tenho asas nos pés
só me apetece dançar
há tantas caras bonitas
tantas mãos a acenar

eu sou um balão colorido e mágico - bom dia!

Ontem já passou
amanhã pode ser bom
mas hoje é o melhor dia que há
nem preciso de fé

eu felizmente não preciso de nada - bom dia!

Hoje eu sou um homem contente
ao serviço do amor
sou o próprio sonho
e desconheço a dor

eu sou o vagabundo mais feliz que existe - bom dia!

Hoje eu sou o mais forte dos deuses
mais cretino que a morte
estou por cima da queda
mais seguro que a sorte

eu sou o universo inteiro a sorrir - bom dia!

Jorge Palma

sexta-feira, maio 19, 2006

Pontos de Vista : .



Os dias que passam : .

Pára de bater no cego
Deixa-me entrar
Não vês como a vida corre
Deixa-te levar
Não abras a boca
Não comas o meu queijo
Deixa-te envolver
Neste sacrilégio.

Os dias que passam
Parecem sempre iguais
Todos nos estranham
Seremos nós normais?

Pecados soltos
Nesta escadaria
Somos dois soldados
Da melancolia
Descruza as tuas pernas
Deixa entrar o ar
Dá-me sedução
Prometo não voltar.

Os dias que correm
Parecem sempre iguais
Somos respeitados
Como generais

Mas nessa gaveta
Do teu escritório
Escondes tua corneta
Debaixo do relatório
Quando a noite chega
Ligas o tal canal
Chega de novelas
Queres mais o carnal

Os dias que correm
Parecem sempre iguais
Os sapos que te engolem
São coisas banais.

Deixa-te levar
Deixa-te envolver
O mundo vai acabar
E tu, que ficas a fazer?

Saltimbanco Louco

Não me ensines os caminhos
Quero rasgá-los no meu peito
Quando aprendemos sozinhos
Parece que há mais direito

A ter inteira a tua alma
Roubar-ta quando não esperas
E abraçar-te no colo sem saberes
Como se faz a um amor que se perdera

Assim andarás comigo
Quando de ti não souberes
E não te ensino os caminhos
Para tomares os rumos que quiseres

Tenho a alma desbastada
De um sentimento sem fundo
E sou como um saltimbanco louco
Que por quase, quase nada
Se entrega ao mundo ...

Mafada Veiga

Ensaio para canção : . (1993)

Num envelope anexo
de formato digital
tive um convite para sexo
no lugar e hora tal.

Pus-me todo arranjadão
pus colónia aconselhada
e para recordação
dei-lhe uma rosa encarnada.

Tudo foi bem sucedido
e o lugar era perfeito
mas quando me vi perdido
nunca mais tomei o jeito

Foi ao bater daquela água
num manto sobre a areia
mesmo ali:
Junto ao rio Távora.

Foi na altura de S. João
numa fase jovial
com tanta posição
não faltou a prova oral.

Robolamos em loucura
nada mais a comentar
desde então não houve cura
tivemos de lá voltar.

Foi ao bater daquela água
num manto sobre a areia
mesmo ali:
Junto ao rio Távora.

Tararammm

quinta-feira, maio 18, 2006

S. Simão (acho um piadão)

Em Castela há um santo
que se chama S. Simão
onde vão frades e freiras
ouvir a missa e sermão;
e também D. Maria,
das mais altas que lá vão.
Ao entrar para a igreja
sete frades namorou;
o que estava a dizer missa
logo para trás olhou;
o que mudou o missal
sete folhas lhe rasgou;
o que dava as galhetes
todo o vinho lhe arramou;
e o que tocava o sino
do campanário saltou;
quebrava sete costelas
e um braço deslocou!
Mal haja a D. Maria
e mais quem na cá passou;
em tão poucochinho tempo
tanto mal ela causou!

João Afonso

Macro : . OUTRO MUNDO . :



HOJE : .