sábado, novembro 24, 2007

A palavra enviada : .

Tenho por habito tratar os meus amigos de Viana, os íntimos está claro, por prostituta, por exemplo. Não sei quando surgiu. O certo é que desde que me lembro tenho um código entre os meus amigos de nos apelidarmos com nomes bizarros. Quando nos corredores da ESTG ouvia o nome pastor ou em uníssono o dizia com os meus amigos para chamar-mos um terceiro, era como um código, que entre nós satisfazia o carinho que imperava no seio do grupo, talude da nossa união. Mais tarde vinha “o prostituta”, que sobretudo com amigos casados, pais e idades respeitosas era uma lufada de alegria quando nos permitia beber deste momento.

O “engrasso-embarassasso” surgiu quando numa conferencia de médicos cardiologistas, da qual eu fazia parte na organização do evento, no meio do auditório junto do projector de slides no silencio da palestra aonde eu estava sentado, recebo pelo auricular uma informação da régie que dizia quem estava ali alguém para falar comigo. Quando passam essa pessoa para o walkie –talkie a frase que ouço é:
- Óh prostituta! – assim, sem contar, alto e bom som, caí na risada, e no auditório instala-se um tsunami de risos, acho que escutaram, ou foi pelo meu ataque de riso. Era o Jaime, o meu mestre, quarentão e bom pai de família. Como quem chama um táxi colocou aquela malta de termos latins forjada a rir impulsivamente. Foi de abraço esse momento.

Esta semana recebi um telefonema pela manhã que não esperava e ao ver de quem, a resposta foi: Óh prostituta! – no gabinete em que a língua falada é o francês julgo que os meu colegas não deram por tal, se deram, paciência, é um grande amigo que eu não ouvia há muito tempo, respondi-lhe com abraço, está longe e não o vejo desde a Páscoa em Zurich, não comemos há muito tempo juntos uma valente picanha com arroz de feijão que a Michelle não gosta, mas que normalmente tinha de comer nem que fosse apenas para a fotografia. O Paulo, que se despede com um beijo no escroto, e eu envio-lhe uns carinhos no clítoris… A vida é assim um palco que devemos actuar como palhaços, rebolar na relva como cachorros na primavera, pintar a macaca com os amigos, fingir que afinal pode o tecto cair-nos em cima, mas o talude da amizade está ali, foi enviada a palavra.

2 comentários:

Anónimo disse...

Difícil resistir ao impluso de contar o que sentimos.Raras vezes nos importamos se estamos certos nos nossos pontos de vista, somos felizes sempre que tenhamos a oportunidade de fazer uma declaração grande e eloquente. como se supõe que tenhas que avaliar a importancia da informação que estás a receber agora? Contas uma passagem verdadeira, unica, daquelas tais.
As nossas emoções não são lógicas e enamoramo-nos das mais ridiculas ideias, mas continuamos a por toda a nossa energia em algo que acreditamos e funciona. Distingue-se assim a diferença dos verdadeiros tesouros. Mundo restrito e dinamico de movimento rápido, uma arte mágica que não deverá ser nunca esquecida.

Bjs
tesoura

mood disse...

ai meu deus...
:)
ahhh saudade dessas vossas conversas em que se falava em tom de brincadeira,de tudo o que era sério e verdadeiro,para que nada magoasse mais do que a realidade das palavras proferidas...
saudade mesmo...
:)
beijinho