quinta-feira, abril 27, 2006

Ligações ? : . ?



Tu és perigosa :.

Tu és perigosa,
Porque tu és honesta.
Tu és perigosa,
Porque não sabes do que és capaz.
Mas se me vires na rua
Lembra-te que te admiro
Os teus passos são certeza
O teu jeito faz parar o ar.
Tu és perigosa,
Porque és humilde.
Tu és perigosa,
Porque sabes perdoar.
E num momento de raiva
Desceste ao mundo
E deitaste-me a mão
Para me levantar.
Tu és perigosa,
E adormeceste-me no outro dia
Tu és perigosa,
E não sabes o quanto dás,
Mas também não queres saber
Porque te faz sentir bem
E no balanço
Eu também quero ser assim
Como tu,
E ensinar alguém
A fazer o bem…

terça-feira, abril 25, 2006

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

António Gedeão - In Movimento Perpétuo, 1956

Eu tenho o céu ::..

segunda-feira, abril 24, 2006

Acrobata

Não acredites no que ouves
Não acredites no que vês
Se só fechares os olhos
Podes sentir o inimigo
Quando eu te conheci miuda
Tinhas fogo na alma
O quê aconteceu ao teu rosto
De neve derretida
Agora ficou assim
E podes engolir
Ou podes cuspir
Podes vomitar
Ou sufocar
E podes sonhar
Então sonha bem alto
Sabes que o teu tempo se está a aproximar
Então não deixes nada te abater
Não, nada faz sentido
Nada parece se encaixar
Eu sei que acertaria
Se soubesse em quem acertar
Eu trocaria de movimento
Se houvesse alguém em quem pudesse confiar
Sim eu dividiria o pão e o vinho
Se houvesse uma igreja que pudesse recebê-los
Porque preciso disso agora
Pegar a taça
Enchê-la
Bebê-la devagar
Não posso deixar-te ir
Eu devo ser um acrobata
Para falar assim
E agir assado
Tu podes sonhar
Então sonha bem alto
E não deixe nada te abater
Oh, machuca baby
(O quê nós vamos fazer agora que tudo já foi dito)
(Sem novas ideias em casa e todos os livros já foram lidos)
Eu devo ser um acrobata
Para falar assim
E agir assado
Tu podes sonhar
Então sonha bem alto
E podes encontrar
Tua própria saída
Podes construir
E eu posso querer
E tu podes chamar
Eu mal posso esperar
Podes guardar
E podes entender
No início do sonho
Responsabilidades
E eu posso amar
E eu posso amar
E eu sei que a maré está virando
Então não deixe nada te abater...

Bono (U2)
Tradução do tema "Acrobat"
Não é demais esta musica?

quinta-feira, abril 20, 2006

Poema selvagem : .

Tu és poema selvagem
Grito, euforia, perseguição
És atalho, carruagem
Terra distante, peregrinação.

És o salto de galope
Fruto vermelho silvestre
Descoberta de xarope
O topo do Everest.

Como dominas esse teu passo
Quando lidas com esse sorriso ?
E eu? Engulo o embaraço!
Rude castigo, vive, diz e eu sirvo…

quarta-feira, abril 19, 2006

Haverá sempre um caminho?






Vou-te soltar : .

Vou-te soltar num sonho
E num sonho enlouquecer
De vontade de te soltar
De vontade de viver
De vontade e de desejo
De te ver sorrir profundo
Vou-te soltar num aquário
E criar um novo mundo.

Num aquário de flanela
Das flores que tu perfumas
Vou-te soltar num aquário
Num aquário de plumas.

Para te conhecer melhor
Vou-te soltar num aquário
Num aquário de amor...

terça-feira, abril 18, 2006

Languidez







Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...

E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar...



Florbela Espanca

segunda-feira, abril 17, 2006

Amanhecer














O sol que dá luz ao dia
Brilha como o teu sorriso
Que me invade a manhã
Com vontade de realizar um milagre:
Hoje vou ser Deus,
E tu a causa porque luto.

sábado, abril 15, 2006

LÁPIS DE COR

QUEM FAZ UM POEMA
PLANTA UMA FLOR
PERFUMA OS OUTROS
COM LÁPIS DE COR
ENCARA O SOL
A LUA E O AMOR
DE FRENTE POR TRAZ
COM LÁPIS DE COR

QUEM FAZ UM POEMA
PROMETE UMA DOR
PROMETE UMA LÁGRIMA
COM LÁPIS DE COR
AS PALAVRAS VAMPIRAS
COM FOME E CALOR
SUGAM SENTIMENTOS
COM LÁPIS DE COR

QUEM FAZ UM POEMA
CHORA INCOLOR
A FACE TAPADA
COM LAPIS DE COR
VAZIA POR FORA
E ALGO SEM SABOR
ALIMENTA-ME A MIM
COM LAPIS DE COR

QUEM FAZ UM POEMA
SORRI E DÁ MOR
O MUNDO ACEITA
COM LÁPIS DE COR
O MUNDO ABRAÇA
AS PALAVRAS DE CÔR
E GUARDA PARA SEMPRE
COM LÁPIS DE COR...

MAS LONGO SECRETA
GUARDA EM REDOR
ARVORE DESENHADA
COM LAPIS DE COR
PERDEU-SE NO TEMPO
BEM LONGE EM PODOR
ACESA DESCALÇA AMADA
COM LAPIS DE COR

ENCONTRO PALAVRA
AMANTE AMOR
ALÇA DESCAIDA
COM LAPIS DE COR
E CRESCE AUSENTE
PRESENTE AUTOR
AMASTE ACHASTE VENCESTE
COM LAPIS DE COR

Lugar Nenhum

Acordo em lugar nenhum
Apanho a roupa do chão
Em solidão
Dá-me a tua mão
Ó sonho meu

Lá fora o sol encandeia
Aqui em lugar nenhum
Ficou no pó
Uma marca só
Doutro sonho meu

Eu nunca sei bem onde estou
Se estou sozinho
Às voltas em lugar nenhum
Eu já não sei ir pra casa

Há-de ser
Sempre assim
Belo princípio
Triste fim

Hoje já é amanhã
Amanhã foi ontem
Às voltas em lugar nenhum
Eu já só quero é ir pra casa
Eu já só quero é ir pra casa

Todas as histórias que eu sei
Acabam em lugar nenhum
Em solidão dá-me a tua mão
Ó sonho meu...

Xutos & Pontapés

sexta-feira, abril 14, 2006

Tu...













Tu és encanto, fado
e doce fruto que alimenta os sentidos
és carinho, cuidado
e abraço de dança na falésia a ver nascer a lua
és amor, amada e amo-te
és vontade e amnésia dessa vida que foi crua
és amanhecer, carinho e desejo-te
e abraço-te e persigo-te à chuva na rua
és canto, romance e…

quinta-feira, abril 13, 2006

Poema Desatinado

Tu és poema desatinado
Concerto de violino rasgado
Flores envoltas num tornado
Rosto de filho zangado
Perdido chão de achado.

És poema caricato
Repetido norteado
Confúcio e Viriato
Louca onda batendo no cais
Profeta de doses bestiais
Rua estreita de vendavais
Carrossel desgovernado
Propulsor acelerado
Patrão alvoraçado
Potro rude cavalgado.

Tu és assim e te fiz rainha
Numa noite de luar
Desejava ver-te minha
E até poder cantar
Sonetos e chilrear
Na manhã ao teu lado
Tipo dente e rebuçado
Mas rodas-te numa dança
Passo valso e desgovernado
e na volta de um beijo de ansa
sou só teu equivocado.

Os pequenos pormenores : .

quarta-feira, abril 12, 2006

Indelével - beleza - Natureza...

Eu não te perdi - 2ª parte

Não foi ir em cadeia
Frio, faina gesto ceia
Nem congressos e discretos
Secretos alfabetos
Regras, tabelas e números
Aquiles, Josés e Luíses
Infinitos de Homeros
Ou esfinges sem narizes.
Nem mergulhos pelicanos
Restos e noustros hermanos
Conquistas e falhanços
Tangos e balanços
Bolsas e cirurgias
Karmas e profecias
Não foi ir em rusticídio
Limite, subsidio
Clausus e clausurados
Afias canetas e sadias
Autos de trazer calados
Esqueletos mascarados
Chapins e churrascos
Escapados descampados
E mais algo que recordar
Como é estar a olhar
Poema de gestos suaves
Vozes pernas catrapuses
Interior que não abuses
Escola descarada
Roubo de quase nada
Prefixo ou invés
Gigante gatuno sem pés
Alto astral peculiar
Jarro de alguidar
Etecetra pois então
Portagem de São João
Espelhos de ser bafujante
Abismo loucura desejo
Gogulhar de elefante
Sol que vai sem ensejo
Outra coisa adiante

Como vais?

terça-feira, abril 11, 2006

Apetece soprar

Eu não te perdi - 1ª parte

Não foram pecados soltos
Mascarados, devotos
Enxovalhados e encorajados.
Nem mantos brancos causados
Descuidos preparados
Em face rosada
E pele esbranquiçada
Tatuada farda vivida.
Não foram fugas em conversas
Descansos de travessas
A fazer o meu perfil.
Não foi mais do que te ouvir
Em conselhos de sentir
Voz em funil
Rosto e anjo vil.
Frases saberes e arranjos
Momentâneos e descalços
Sobressaltos, saltos altos.
Saltos baixos e descuidados
Receita de rebuçados
E doçura dominical
Alfazema de gargalho
E retornos de orvalho.
Gesto, soluço matinal
E sentidos adormecidos
De sonho desprendidos.
... (cont.)

Mais um dia assim!

Baseado numa musica dos UHF

Poderias aceitar o teu novo lugar
E mandar içar as velas do teu veleiro
Quando a noite cair estarás de regresso
Vou-te deixar aninhar
E ser teu travesseiro.
Mais um dia assim
Serei eu quem peço
Numa viagem sem fim
Num mar deserto
Com as estrelas a servirem nosso teto
Numa cama dourada num sitio qualquer
Num circo sem fim
Poderia ser assim,
Foi para isso que aqui vim.

segunda-feira, abril 10, 2006














Sinto ópio em ti
o desejo do que vi
e dancei ao som dessa batida
voei perdido
sem preocupação em descobrir
o caminho,
estava ali
e tu eras a fada
que me mostrava
um novo mundo.

sexta-feira, abril 07, 2006

Mealhada - Janeiro - 2006


Gostei do pormenor e das cores.
Fez-me recuar no tempo e na imaginação.

Fosse como fosse...Tu serias sempre tu...

Fosse eu domador desse teu jeito
fosse colector dos teus sentimentos
mas não,
tu danças e não notas em mim
saiu assim desfeito transformado
num rio desvanecido no mar...

Fosse eu cantor dos teus poemas
fosse tocador dos teus sorrisos
mas tu voltas,
cruzaste e nem olhaste para mim
saiu assim de grisos
tal criança que perdeu a mãe
numa praça qualquer...

Fosse eu o magico nas tuas mãos
fosse lamparina de Aladino
mas tu pediste
eu dei tudo e não agradeceste
não voltarei a ser menino
num cordel ruído
numa corda bamba...

Fosse eu o teu espelho
fosse eu um poço sem fundo
tu serias sempre tu
nunca mudas porque mudo
numa estrada sem saída
somos buzina para o surdo...

quinta-feira, abril 06, 2006

Chuva . : ensaio para poema

Espero-te no portão
o teu perfume já se nota
escolheste o sapato
e o vestido cor de rosa

Desceste as escadas
num passo acelerado
vamos sair esta noite
o dia foi... muito lixado

Deitaste fora a pastilha
enrolaste-te no meu braço
a avenida é comprida
já acertamos o passo.

Vamos aquele restaurante
e eu ajudo-te na cadeira
escolhi-te um champanhe
sei que gostas à maneira.

No passeio pelo cais
falaste do teu passado
somos gente resistente
a vida é um machado.

Olhavas para o relógio
já eram horas de voltar
a chuva começava
convidei-te para dançar.

Foram minutos de loucura
o transito parou para ver
parecia que não chovia
nós é que faziamos chover.

Prometestemos aquele beijo
escorregado e molhadiço
hoje quando recordava
penso que foi feitiço.

Voltarei aquele sitio
quando a chuva cair
só para te ver dançar
só para te ver sorrir.

É Primavera Oº¨

A vida incerta,
Os ombros langues,
Pierrot aperta
As mãos exangues
De encontro ao peito.

Alguma cousa
O punge ali
Que ele não ousa
Lançar de si,
O pobre doido!

Uma sombria
Rosa escarlata
Em agonia
Faz que lhe bata
O coração...

Sangrenta rosa
Que evoca a louca,
A voluptuosa,
Volúvel boca
De sua amada...

Ah, com que mágoa,
Com que desgosto
Dois fios de água
Lavam-lhe o rosto
De faces lívidas!

De veste branca
À larga túnica
Por fim arranca
A rosa púnica
Em um soluço.

E parecia,
Jogando ao chão
A flor sombria,
Que o coração
Ele arrancara!...

A Rosa - Manuel Bandeira

terça-feira, abril 04, 2006

Pormenor...


Parar na Autoestrada e capturar esta imagem, é sempre um risco mas ficará para sempre...

segunda-feira, abril 03, 2006

Porque...

Todavia é noite escura
o dia foi quente
o transito fluía como se nada se passa-se
aquela luz recordava momentos
não falemos do cheiro e da música na rádio.

As cores do néon são um castigo
já por ali passamos,
de mãos dadas, sim...
Todos os dias milhares passam na mesma calçada
e de certeza que ninguém se lembrou
do nosso passeio...

Hoje Já comi aquilo que tu gostas,
aquela parou na montra para se arranjar...
acho que foi assim que te conheci...
Alias... Já te conhecia...
Naquele dia apenas voltei a descobrir algo de novo em ti...

Foram dias de descoberta
e ainda hoje sou o aventureiro
que procura descobrir aquela arca perdida
dentro de ti...

Este poderá ser sempre um recurso.:

Vadia as palavras em teu barco alado e no céu projecta aquilo que não ousas dizer.