quarta-feira, dezembro 06, 2006

O Terminal

O Terminal, filme que revi esta semana. Eu sou publicamente assumido anti-Tom Hanks. No entanto adorei a participação dele no “Forest Gump” no qual ganhou um Óscar e neste filme “O Terminal” no papel de Viktor Navorski. Poderia no entanto ser mais um filme sob a direcção de Spielberg. Baseado numa história de Andrew Nicol e Sacha Gervasi, achei que é sobretudo uma grande mensagem a ter em conta.
A mensagem é a da espera. Toda a gente está à espera de algo. O palco é um terminal de aeroporto mas podia ser um supermercado, uma escola, uma estação de serviço, entre tantos outros locais.
É curioso como sobre a inocência humana nós podemos aprender tanto, como o simples facto de que a espera compensa. Os provérbios populares costumam dizer que quem espera sempre alcança ou o maior juiz é o tempo. No entanto a espera pode estar associada a tantos objectivos e tão diversos que por vezes nos deixam hipnotizados levando-nos a correr sempre em fila indiana não nos apercebendo que estamos a ir para lado nenhum.
Há esperas instantâneas, como o sinal verde para arrancar num qualquer cruzamento. Há no entanto esperas que duram anos e mesmo vidas.
O facto não é esperar, o facto é gratificarmo-nos com a espera. É cumprir o objectivo da espera. Mudou o sinal para verde e arrancamos. Esperamos e agora somos compensados com a segurança em atravessar aquele cruzamento.
Hoje fiz o exercício num bar enquanto ia desfolhando as páginas de um jornal. Durante 15 minutos apercebi-me que o dono do bar esperava que a empregada fosse servir os clientes de uma mesa que ficava ao fundo junto a uma máquina de tabaco para passar a conta de despesa. A empregada esperava que os clientes, um grupo de 5 amigos escolhessem entre si as bebidas. Um senhor de idade esperava a hora de abertura de um posto de correios enquanto ia trocando algumas impressões sobre as notícias da actualidade com o dono do bar. Um casal, eventualmente muito íntimo, esperavam não serem encontrados pelos seus parceiros, recatando-se na parte mais escura do bar. Um bebé esperava no seu carrinho inocentemente que sua mãe termina-se o seu café e cigarro para sair para o ar um pouco mais puro da rua. A mãe dessa criança preocupada com a chuva que ia caindo na rua esperava a abertura da farmácia para assim atravessar apressadamente para não se molharem tanto. Isto foi tudo o que aconteceu em 15 minutos. No o exercício podia ser estendido no tempo e perceber o que aconteceria dali a 15 anos. Será que o dono do bar vai esperar muito mais até se reformar, passar o bar e ir fazer a viagem ao Egipto que me parecia ele tanto apreciaria ou por ser de lá descendente, pela cor da pele e pela feição, ou talvez voltar ao seu país. Será que a empregada irá esperar um dia pelo cliente que a levará ao altar, se sente numa daquelas mesas e lhe faça sucessivas declarações de amor, ou partirá para outra terra, outro país e/ou outro emprego? O casal na sua intimidade, irão eles esperar muito mais tempo para se juntarem definitivamente abdicando de tudo o que construíram com os seus outros parceiros, ou farão daquela relação uma relação de risco e por isso muito mais apetecível? O bebé vai esperar quantos anos para dizer à sua mãe que não devia fumar? A sua mãe vai esperar quantos anos para perceber que por mais atenção que tivesse dado ao seu filho ele ingressou por outros caminhos menos correctos na sociedade? E o reformado? E do grupo de amigos, quantos existiram daqui a uns anos?
Todos esperamos a curto ou a longo prazo por algo. As ruas estão decoradas, as casas arranjadas esperando as festas que se aproximam.
Eu espero que vocês sejam as pessoas mais felizes do mundo.
E vocês que esperam?

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu espero que... a espera se traduza em plena felicidade...A.

Anónimo disse...

eu espero, que não esperes muito, a encontrares tudo o que desejas.

un saludo
besos