quarta-feira, março 21, 2007

Poema primaveril : .

Tens-me no seio de rosa
Pétala aconchegada num botão
Que regas, que colhes, que usas
Para separar as folhas de um livro
Riscando o traço de um refrão

Tens-me quente pele
Doce céu
Curto mergulho no mar
Cuida dele
Que é só teu
Sei que o sabes guardar.

Tens-me torneira pingante
Gatinho sede cura
Novelo rolante
Beijo medo cura
Salto amante
Abraço que cura.

Tens-me cavaleiro de romance
Que nunca partiu
Mas o mundo conquistou
Espalhou esperança
E nunca amou.

Tens-me primavera afiada
Que me inspiras neste papel:
Quero ser traço
Leve, levante, lento
Quero ser rosto
Fechado, nublado, cruento
Quero ser perfume
Som, melodia, templo
Quero ser espelho
Quero ser espelho.

Tens-me poesia
Sem sentido
Sem motivo
Sem autor
Tens-me poesia
Sem relação
Sem paixão
Sem noção.
Tens-me poesia
Crua
Nua
Tua
Tens-me indelével poema
Graça eterna
Besta carente
Duende ancião
Tens-me aqui sou teu
Sem fenómeno
Sem dono
Sem chão.

3 comentários:

Anónimo disse...

Sinceramente, chega a golpear as mais importantes vibrações da alma.
Vai, passo a passo, até tocar o mais sencivel do:
Tempo vivido,
Tempo esperado.
Espero que continues a dar de beber á alma, existência fundamental.

bjs
Tesoura

Se Calhar... disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

muito bem..
belo poema é de tua autoria?
Além de Bonito escrevs muito bem.
beijokas
Catarina