terça-feira, dezembro 26, 2006
Murmuras : . (R)
Nos olhos e no toque,
Te sorrio à procura sempre do outro lado de mim
E busco freneticamente o teu sorriso,
A tua atenção.
Sou o farol que desvia o teu olhar
E te guia até ao meu porto de abrigo.
Sou a tua sombra, o teu amante,
A tua costura no peito, o teu amigo.
Sou a cambalhota do trapezista
Que sustêm o teu respirar
Sou o teu sapato gasto,
E hoje vamos dançar?
Procuro-te na poesia
Pedaço de papel quebrado
No bolso da fantasia
Guardei o teu toque
A tua pele, o teu rosto, o teu dourado.
Joguei contigo aquela peça
Dois lançamentos, casa encarnada
Trocamos sinais e acertamos.
Ainda tive tempo de ser o brilho nos teus olhos
Segundos de felicidade que valem uma vida.
Uma mulher só : .
Uma mulher com mãos desenhadas da vida
E o encantamento que faz parar
E apreciar
Duma tela saída
E encostada na paisagem
De um lugar
E uma viagem
No outro dia vi-a sorrir,
Hoje vi-a tapar o sorriso
E andava sem destino,
Ou de destino decidida
No rosto fazia-se nua
Para mim disse de cor
Essas marcas de sabor
São as fases da lua.
Apetecia pegar nela
E dizer-lhe como é bela
Abraça-la e possuir
Tudo o que possa sentir
Num descuido singelo
Para que tudo fosse belo
Como a cor do seu cabelo
E tombar adormecido
Tal fosse esse o seu pedido
Com um beijo na face
Feito toque de arte
E deixa-la caída na noite
Feita em pó
Uma mulher só
Se Calhar : .
Uma arvore que fazia sombra aos humildes
Dava fruto aos esfomeados
E alegrava os namorados que se encostavam a ela
e debaixo da sua bela folhagem
davam o primeiro beijo
em cima do banco.
Se calhar era uma praça,
de gente que passava
e os vendedores ambulantes
armavam a sua barraca e vendiam os sabores da região.
Se calhar eram sabores que se misturavam com cheiros
e faziam sorrir a bela dama
que os sentiam numa noite de romance,
amor, fantasia e…
intermináveis carinhos.
Se calhar os transeuntes,
os palhaços, a menina das pipocas,
a criança que cavalgava nos ombros de seu pai
e brincava com o martelo que fazia sons,
a banda que se balança na caixa do camião,
os copos cervejas que caiam pelo chão.
Se calhar o rio que fica à esquerda,
a ponte, os barcos, todos os seres vivos,
os sons, os sabores
não viverão o suficiente para recordar aquela noite.
Se calhar, inventaram a cambalhota
para te ver soltar os mais espontâneos e belos sorrisos,
Se calhar criaram os morangos para te ver corar.
Se calhar o teu sabor é mel e amêndoas,
caramelo e chocolate.
segunda-feira, dezembro 25, 2006
domingo, dezembro 24, 2006
domingo, dezembro 17, 2006
Voltas : .
a ver o mar e pintar
de olhos fechados o teu rosto
a alcançar o infinito horizonte.
Achei que pensarias
que nessa altura também
eu estaria a ouvir
uma música de Tchaikovsky.
O mar batia nas rochas,
o sol batia nas pedras molhadas
e o teu rosto iluminava-se.
Eu fotografei-te assim.
Ainda molhavas os pés
na natureza daquela passagem.
Guardava uma frase
para que voltasses
e me olhasses
sem que te apercebesses
que eu te soprava ao pescoço
num carinho sem pouse definida
num estalo de coragem
versus emoção
versus paixão
versus mundo sem tempo.
No arrepio do momento
dancei com os olhos
sobre o teu cabelo,
segurei eternamente o perfume
do teu sabonete
e cuidei
do meu sorriso
para te receber melhor.
As marcas dos teus pés
permanecem na areia
sempre que desejo,
agora sem me aperceber,
ver-te caminhar,
num nascer da noite eterna aliada ao meu sonho...
segunda-feira, dezembro 11, 2006
Sem comentários
Eu bem digo: aquela coisa da felicidade...
de Goudi
AVISO À MUSA ( :sem respirar: )
Por onde andas já lá estive.
Limbo, pântano, barco à deriva.
Madrugada eterna. Sol prisioneiro.
Savana de chuvas frias de Dezembro.
Silêncios de igreja. Sonhos lilases
em rimas desfeitas. Papel inútil
debaixo do travesseiro. Canetas
esquecidas pelo chão. Tapetes sujos
de terra. Maçãs mordidas. Camas
em desalinho. Por aí já viajei, fútil,
abandonado, perdido. Nas chamas
de outros infernos. Na mão, o vinho,
onírica companhia. Há odes de poetas
ao longe, em gincanas de letras, ácaros
das literaturas desenganadas. Verdes
são azuis aos seus olhos. Pássaros
fugidos da gaiola da inspiração. Amam
as paisagens, como Platão a mulher
e não poupam o vento para o dizer.
Lembro-te, minha musa, como te perdes
nos braços dos cegos que proclamam
os teus ditâmes. És bruma: não me ames
e permite-me divagar por estes caminhos.
Ao menos conheço-os. Pressenti-os um dia,
numa aluvião desorganizada de pergaminhos,
alagando de esplendor todas as cidades.
E então morri, devastado na vã loucura
dessas invencíveis e demoradas tempestades,
moldadas em espirais de paixão oculta, em pura
explosão de incomensurável e revôlta poesia.
José António Gonçalves
sábado, dezembro 09, 2006
quarta-feira, dezembro 06, 2006
O Terminal
A mensagem é a da espera. Toda a gente está à espera de algo. O palco é um terminal de aeroporto mas podia ser um supermercado, uma escola, uma estação de serviço, entre tantos outros locais.
É curioso como sobre a inocência humana nós podemos aprender tanto, como o simples facto de que a espera compensa. Os provérbios populares costumam dizer que quem espera sempre alcança ou o maior juiz é o tempo. No entanto a espera pode estar associada a tantos objectivos e tão diversos que por vezes nos deixam hipnotizados levando-nos a correr sempre em fila indiana não nos apercebendo que estamos a ir para lado nenhum.
Há esperas instantâneas, como o sinal verde para arrancar num qualquer cruzamento. Há no entanto esperas que duram anos e mesmo vidas.
O facto não é esperar, o facto é gratificarmo-nos com a espera. É cumprir o objectivo da espera. Mudou o sinal para verde e arrancamos. Esperamos e agora somos compensados com a segurança em atravessar aquele cruzamento.
Hoje fiz o exercício num bar enquanto ia desfolhando as páginas de um jornal. Durante 15 minutos apercebi-me que o dono do bar esperava que a empregada fosse servir os clientes de uma mesa que ficava ao fundo junto a uma máquina de tabaco para passar a conta de despesa. A empregada esperava que os clientes, um grupo de 5 amigos escolhessem entre si as bebidas. Um senhor de idade esperava a hora de abertura de um posto de correios enquanto ia trocando algumas impressões sobre as notícias da actualidade com o dono do bar. Um casal, eventualmente muito íntimo, esperavam não serem encontrados pelos seus parceiros, recatando-se na parte mais escura do bar. Um bebé esperava no seu carrinho inocentemente que sua mãe termina-se o seu café e cigarro para sair para o ar um pouco mais puro da rua. A mãe dessa criança preocupada com a chuva que ia caindo na rua esperava a abertura da farmácia para assim atravessar apressadamente para não se molharem tanto. Isto foi tudo o que aconteceu em 15 minutos. No o exercício podia ser estendido no tempo e perceber o que aconteceria dali a 15 anos. Será que o dono do bar vai esperar muito mais até se reformar, passar o bar e ir fazer a viagem ao Egipto que me parecia ele tanto apreciaria ou por ser de lá descendente, pela cor da pele e pela feição, ou talvez voltar ao seu país. Será que a empregada irá esperar um dia pelo cliente que a levará ao altar, se sente numa daquelas mesas e lhe faça sucessivas declarações de amor, ou partirá para outra terra, outro país e/ou outro emprego? O casal na sua intimidade, irão eles esperar muito mais tempo para se juntarem definitivamente abdicando de tudo o que construíram com os seus outros parceiros, ou farão daquela relação uma relação de risco e por isso muito mais apetecível? O bebé vai esperar quantos anos para dizer à sua mãe que não devia fumar? A sua mãe vai esperar quantos anos para perceber que por mais atenção que tivesse dado ao seu filho ele ingressou por outros caminhos menos correctos na sociedade? E o reformado? E do grupo de amigos, quantos existiram daqui a uns anos?
Todos esperamos a curto ou a longo prazo por algo. As ruas estão decoradas, as casas arranjadas esperando as festas que se aproximam.
Eu espero que vocês sejam as pessoas mais felizes do mundo.
E vocês que esperam?
sábado, dezembro 02, 2006
Indispensável - Rolling Stones : Angie
Angie... Angie...Quando todas aquelas nuvens desaparecerão?
Angie... Angie...Para onde isso nos vai conduzir a partir daqui?
Com nenhum amor nas nossas almas
e nenhum dinheiro nos nossos casacos
Não podes dizer que estamos satisfeitos.
Angie... Angie...Não podes dizer que nunca tentamos
Angie... És linda...Mas não é o momento que dissemos adeus?
Angie... Eu ainda te amo...
Lembra-se de todas aquelas noites que choramos?
Todos os sonhos que seguramos tão firmemente pareceram
Evaporar-se na fumaça.
Deixa-me sussurrar no teu ouvido:(Angie... Angie...)
Para onde isso nos vai conduzir a partir daqui?
Oh! Angie... não chores...Todos os teus beijos ainda têm gosto doce
Eu odeio essa tristeza nos teus olhos.
Mas Angie... Angie...Não é o momento em que dissemos adeus?
Com nenhum amor nas nossas almas
e nenhum dinheiro nos nossos casacos
Não pode dizer que estamos satisfeitos.
Mas Angie... Eu ainda te amo, Baby!
Em todo lugar que procuro, vejo os teus olhos
Não existe uma mulher que chegue perto de ti.
Vamos Baby! Enxugua os teus olhos
Mas Angie... Angie...Não é bom estar viva?
Angie... Angie...Eles não podem dizer que nunca tentamos.
Em poucas palavras a roda-viva : .
Já de lá voltei.
O escravo que se apaixonou
Outrora fora rei.
Tu não és o único a estar só
Quando queremos ver a solidão basta limpar o pó.
domingo, novembro 26, 2006
E o poeta disse : .
Vadia as letras em teus barcos alados
E no céu projecta o que não ousas dizer.
E o poeta disse:
Vêm de longe os pensamentos que te ocupam o tempo,
Calar é gastar a oportunidade de reunir o inseparável.
As frases não saíam e a vida não significava existir.
Sem frases não há poeta.
Sem poeta não há amor.
E o amor morreu.
quarta-feira, novembro 22, 2006
Helloween : IF I COULD FLY
Se eu pudesse voar
Sem medo, sem dor
Niguém mais para culpar
Eu vou tentar sozinho
Traçar meu próprio destino
Eu aprendo a libertar minha mente
Agora eu preciso de me encontrar
Mais uma vez
Mais uma vez
Se eu pudesse voar
Como o rei do céu
Não poderia tombar nem cair
Iria pintar tudo
Se eu pudesse voar
Ver o mundo diante dos meus olhos
Não ia tropeçar nem falhar
Para os céus eu velejo
Se eu pudesse voar
Então, aqui estou eu
Em solidão eu espero
Eu tenho sonhos por dentro
Eu preciso compreender
A minha fé nasceu
Sem medo do desconhecido
Nunca mais
Nunca mais
Se eu pudesse voar
Como o rei do céu
Não podia tombar nem cair
Iria pintar tudo
Se eu pudesse voar
Ver o mundo diante dos meus olhos
Não iria tropeçar nem falhar
Poderia devastar a minha jaula
Se eu pudesse voar
Se eu pudesse, se eu pudesse voar
Se eu pudesse, se eu pudesse voar, se eu pudesse...
Se eu pudesse voar
Como o rei do céu
Não poderia tombar nem cair
Iria pintar tudo
Se eu pudesse voar
Ver o mundo diante dos meus olhos
Não ia tropeçar nem falhar
Para os céus eu velejo
Se eu pudesse voar.
Tu és poema sabido : .
Vida trazida no encanto
Esperteza de relâmpago
Contas soltas no oceano
Espergata de matemático
Resultado acrobático
És a fórmula para amar
Média máxima e intercepção
Real traço geométrico
Gosto linha e subtracção
Peso alma esquema eléctrico
Controlo remoto, carril, Sedução
És a cama feita de novo
Bola batida nas redes
Sal e ovo de Colombo
Banho quente de Arquimedes
Fomos passar no parque
Ofereci-te uma estrela
Rebolamos na avenida
Acabamos bebendo no cais
Rimos, choramos e cantamos
E agora para onde vais?
terça-feira, novembro 21, 2006
Paulo Coelho - 5 dele
"Lutar contra coisas que só passam com o tempo é desperdiçar energia."
"Aceitamos a riqueza filosófica do passado, sem esquecer os desafios que o mundo presente nos propõe."
"Quando se deseja uma coisa, a vida nos guiará até lá. Mas através de caminhos que não esperamos."
"Somente os mais sábios e os mais estúpidos nunca mudam de idéia."
sábado, novembro 18, 2006
Em todos os nossos poemas : .
a força que me deixa debruçado
pensando que afinal és
um ombro que dá tudo o que quero.
Agora que defendes o meu ego
e cantas como o sol da manhã
dás-me as tuas mãos e danças.
Estou no teu olhar...
Embora sem saber se regresso
tudo pode parar o meu caminho
quero-te dizer: és espinha dorsal
tudo o que faço é em torno do teu sal
de lágrimas que demonstram a saudade
de energia que se transformam
e me fazem vencer todos os segundos.
Sinto a cor da tua face
que me envolve na noite que me acolhe
realizo todos os nossos sonhos
e cultivo todos os nossos desejos.
Somos magos num reino que existe
construido só para morarmos
em todos os nossos poemas...
domingo, novembro 05, 2006
quinta-feira, novembro 02, 2006
Há dias assim : . (r)
Ao virar de um sinal
Dias que nos correm como
Noticias de jornal;
Há dias quentes de espírito
Que nos aumentam o coração
Dias como poemas inacabados
Rasgados pelo chão.
Há dias que perdoamos
Se nos chamam campeões
Dias perdidos no nada
Como casas sem botões;
Há dias que tropeçamos
Pela Fé e pela moral
Dias que saímos nus
Porque o que conta é natural.
Há dias de gritar:
-O chefe não manda nada
Dias de beber água
Porque a republica esta parada
Há dias de S. Valentim
Ode a Camões irmão
Dias que são tramados
Como pulga no caixão
Há dias de semear
Disfarces de ditador
Dias de deitar para trás
Engolir sapos e fazer amor
Há dias que nos cativam
E receamos o seu fim
Arejados, saltitantes e gentis
Há, por acaso, dias assim…
quinta-feira, outubro 26, 2006
Sempre : .
Lembra-me o primeiro gesto que recebeste quando vieste ao mundo, sem contar com as palmadinhas que raio!
Lembra-me quantas vezes o quiseste receber de novo passados tantos anos, agora que cresceste.
Lembra-me se já pensaste pagar para receber um desses abraços simples, sem intensão mas que te seguram por segundos, quando quase queres partir, porque estás triste ou porque estás feliz, ou simplesmente, estás.
Lembro-me que o abraço que mais me comoveu recentemente foi o do meu cunhado, somos homens pá, e as lágrimas chegaram a verter. Ter um homem assim na familia é ter um tesouro debaixo da almofada, ter-te meu amigo e sentir num momento em que pensamos que nos afastamos, mesmo que seja por uns meses, e receber o teu abraço assim, é uma prova de que existimos porque pessoas como tu existem meu amigo.
Acreditem que é facil abrir os braços e abraçar a multidão, o bébé, a senhora, o pedinte, o carteiro, o ateleta, o... os... abraçar-te nem que seja por um milésimo segundo e ficará para sempre...
terça-feira, outubro 24, 2006
Não te apetece? VII : .
Não te apetece? VI : .
Não te apetece? V : .
com o dedo fazendo surgir a imagem
do amor que buscas por entre as ondas da vida?
Não te apetece acender archotes
e levantá-los na noite anunciando
ao teu cavalo alado aonde deve pousar
para te levar ao encontro do teu ser dual?
Não te apetece guardar o meu olhar
e a voz numa lata de ferrugem,
ou lavar os pincéis que nunca ousaste sujar?
Não te apetece prender-te a um fio
de linho e sentir o
conforto de uma manta feita especialmente
para mim?
Ou, cobrir-me de jornal e só
sentir as demências do mundo
que te repugnam e te coiçam, para o fundo?
terça-feira, outubro 17, 2006
Não te apetece? IV : .
E guardar as estrelas num aquário de luz?
Não te apetece olhar o sol
Por entre os dedos cerrados e
Descobrir o teu rosto
Envolto em luz que cega o meu olhar?
Não te apetece confundires-me na multidão
e seguires-me acotovelando a azáfama em gesto de perdição?
Não te apetece ler em toda a parte
o meu nome e onde antes vias moinhos e montanhas
e agora ver a minha silhueta marcada
com a nitidez de um oásis
ou fogueira de prece
e busca de espíritos enfadonha
e destorcida mas carente
e piedosa
e apaixonante
e irresistível
e atenta
e delirante?
Não, não te apetece?
Não te apetece? III : .
a tempestade
pensar, reflectir,
ler o livro que me escrevestes,
adormecer o futuro,
e deixar que o presente seja um porto dourado pela luz do sol,
para abarcar no maior dos devaneios,
não te apetece?
Não te apetece ser pena para escrever
lagrimas e solidão enjauladas por papiro,
em neblina,
perdidas em naufrágio no pensamento de Deus?
domingo, outubro 15, 2006
Não te apetece? II : .
Não te apetece? : .
Não te apetece decidir mesmo que errado?
Não te apetece bordar o som
com o meu nome e o teu?
Ou, apagar com nevoeiro a água
onde pintei dois corações unidos?
Não te apetece morrer ou viver por mim?
sexta-feira, outubro 13, 2006
quinta-feira, outubro 12, 2006
Bons sonhos : .
Acaricia-me a face esta noite
A solidão da terra apazigua-me o coração
Não sou o único a estar só
Espelho : .
Não te apetece bater em latas
A despertar toda a gente
para a magia que está a acontecer entre nós?
Ou, tapar todos os buracos
por onde surja o meu nome
que já não suportas ouvir?
sábado, outubro 07, 2006
Palavras ao vento : .
e penso se pudesse voar
tocar-te, embalar-te
como o vento que sentes na face
soltar-te palavras vazias de pressa
mas cheias de sentido
pregando-as ao ouvido
num ritmo destemido.
Digo ao vento que passa
leva estas palavras...
De graça que ela espera
e lavra o caminho
quero colher sorrisos na primavera.
É uma missão de guerreiro, eu sei
mas a guerra da vida a isto me habituou
por isso exijo a um Deus maior
imortalidade no que digo
e na escuridão da noite
uma luz no meu caminho à lua
podes ver assim que estou onde esperas
todas as noites que perdes
e ganhas todas as guerras.
Digo ao vento que passa
levas estas palavras bandidas
são roubadas do meu coração
mas medidas em doses
de tudo o que precisas
para viver assim
mais dias de felicidade.
Jogaram um dia a tua vida
numa roleta de esperança
mas cresceram demónios no teu quintal
numa tempestade chamada destino
e agora é tristeza que tu colhes
mas sei que lutas e mereces ganhar
todos os dias.
Acredito que vencerás
és por quem eu torço na frente
da bancada nessa tua vida magica de quem
sofre e vence.
Digo ao vento que passa
leva estas palavras...
De graça que ela espera
e lavra o caminho
quero colher sorrisos na primavera.
Manowar
Esta é uma das minhas bandas Heavy Metal preferidas...
Grandes baladas, grandes sons pesados, mas isto nunca esperava ouvir deles,
Surpreenderam-me como sempre.
Nessun Dorma, quem diria!
É lei : .
Não sei de onde vim
Eu nunca amei um objecto
Nunca fui dono de nada
Nunca persegui uma cruz abandonada
Sou um castelo de cartas
O meu as está no fundo
Se alguém mo roubar
nada acontece no mundo.
domingo, outubro 01, 2006
Matas-me com o teu olhar

Noites frias de marfim
Noites frias ao luar
A conversa já no fim
Matas-me com o teu olhar.
Matas-me com o teu olhar
Matas-me com o teu olhar.
Sabes que esta vida corre
Como a sombra pelo chão
Nada fica, tudo foge
Ouve a voz do coração.
Matas-me com o teu olhar
Matas-me com o teu olhar.
São como cubos de gelo
Que eu sinto ao tocar
As palavras têm medo
Matas-me com o teu olhar.
Implica-te : .
tirar os pé do chão e mergulhar na multidão.
Implica ser maior todos os dias
tombar na cama com a sensação que aprendemos algo neste dia que passou.
Implica desatar um nó da garganta
sujar os colarinhos e vazar toda a energia a escrever um poema.
sexta-feira, setembro 29, 2006
quinta-feira, setembro 28, 2006
Faz nascer as estrelas : .
E o que ela tem para me dar
Recordo um beijo que moveu o monte
E uma noite que quebrou o mar.
Recordo e vivo em função do sabor
Do som, do cheiro e da loucura
Recordo uma noite que valeu pelo amor
Pelo fogo, a batida e a aventura.
Ausente o corpo e o espírito grita:
Vem dançar ao som da chuva no telhado
Ausente o corpo e o espírito reivindica:
Vou dançar só no teu passo alternado.
Ausente o olhar que guardo na memória
Presente a falta do teu abraçar
Ausente e no momento a glória
Faz nascer as estrelas, que estou no mar.
domingo, setembro 24, 2006
Lições se calhar das nações
Provérbio Iraniano
"Duas coisas indicam fraqueza: calar-se quando é preciso falar, e falar quando é preciso calar-se."
Provérbio Persa
"Prepara-te para o que quiseres ser."
Provérbio Alemão
Vejam as diferenças
Provérbio Chinês
"Tu és senhor do teu silêncio e dono da tua palavra."
Provérbio Romano
"Amanhã é sempre o dia mais ocupado da semana."
Ditado Espanhol
"Não declares que as estrelas estão mortas só porque o céu está nublado."
Provérbio Árabe
Será mesmo assim?
Benjamim Franklin
terça-feira, setembro 19, 2006
A queda de um anjo (R)
Tanto vão de mão em mão
Que se perdem com a idade
Porque ninguém nasce ensinado
O que aprendi já está errado
Não acredito no meu passado
É a queda de um anjo
Em cima de um homem
Que ao ganhar idade
Perde a razão
Ontem liam evangelhos
Hoje é lei a constituição
Mas que ninguém me dê conselhos
Nunca gostei que a maioria
Organizasse o meu dia a dia
Não acredito em democracia
É a queda de um anjo
Em cima de um homem
Que ao ganhar idade
Perde a razão.
A todos os anjos
De todos os sexos
Agarrem as asas ao cair do chão. ..
segunda-feira, setembro 18, 2006
Nuno : .
Apercebi-me no olhar dos transeundes que fugiam da chuva junto à paragem do autocarro.
As folhas já se enrolam pelo chão ao toque do vento.
As cores multiplicam-se tristes mas belas, e assim lembro que a tristesa também pode ser bela.
O frio inrompe-me pelas costas e provoca-me arrrepio, fecho o casaco de cabedal, sacudo o ombro molhado, sinto um cheiro a castanhas assadas e a memória leva-me por segundos para uma praça de Coimbra.
Curioso pensar quem quando chega o Outono algo termina. Os antigos comentam que é uma altura de colheitas e que Deus também aproveita estas colheitas para levar os seus melhores frutos. Eu acredito, há uns anos atrás perdi um amigo, o meu grande amigo no Outono, ele foi o melhor fruto que a Terra deu. `
É Outono e tanto que eu ainda não fiz...
domingo, setembro 17, 2006
As pequenas coisas contam...
A vida...
domingo, setembro 10, 2006
Para todos os dias : .
Senti as tuas palavras
Senti a forma como escreves e lavras
As batidas do meu coração,
Como se fosses uma arvore gigante
E firme ao chão
E de ti caissem folhas pelo outono
Como lançadas de um trono:
Cada folha, uma palavra,
Que me embala
Neste dia que começa
Nesta manha que embeleza
E em que cada palavra peza
Por cada piscar dos olhos
Quando elas veêm aos molhos
Formando o tapete que me guia
Vou querer nascer neste dia...
quinta-feira, setembro 07, 2006
Hoje é : .
Hoje é dia de te tocar uma serenata!
Hoje é dia de te perfumar os sentidos!
Hoje é dia de te atender os pedidos!
Hoje é dia de te guiar numa dança!
Hoje é dia de te dar esperança!
Hoje é dia de te cuidar o olhar!
Hoje é dia de te enamorar!
Hoje é dia de te embalar no regaço!
Hoje é dia de te beijar com abraço!
Hoje é dia de te fazer existir!
Hoje é dia de te inventar e sentir!
Hoje é dia sem pecado e maldade!
Hoje é dia de matar a saudade!
Hoje é dia de termos encontros!
Hoje é um dia igual a todos os outros
Porque os dias existem como tu existes;
Se ês sonho: o dia é um sonho!
Se ês realidade: hoje é o dia da verdade...
quarta-feira, setembro 06, 2006
E se conseguires ver algo que só ele sabe explicar...
terça-feira, setembro 05, 2006
Tudo o que fazemos : .
se penso em ti
eu perco o controlo
e descarrilo no teu colo
quero estar assim
a ver-te sorrir
e desejar nunca mais partir
algemar-me dentro de ti…
Eu perco a noção do tempo
que nós gastamos
eu perco a noção do tempo
e do espaço,
inventamos,
senti-mos
e tudo o que fazemos
é novidade
com um pó de saudade
e muito amor
como um propulsor
de sedução
e muita asneira
tipo um beija flor
e uma flor sineira…
domingo, setembro 03, 2006
Neste dia assim, será assim...
Entre todos os desiguais, tu és bela no que conta
Revelei-me sobre ti, deixaste-me a sedução
Não descrevo como vi, nesse olhar uma paixão.
Naquele dia acordei, com desejo sobre mim
Senti-me servo de um rei, seu reino é um jardim
Balancei-me numa esfera dum trapézio voador
Senti-me dente de fera, mordendo por amor.
Descalcei-me e corri, por espinhos de seda
Voltei-me e morri, nessa boca doce e bela
Trapezista deambulando, trago fardo de alegria
Enquanto vou andando, desenho a poesia
Fiz da lua caipirinha, estou pronto a acomemorar
Pediste poesia minha, pedi-te pintura tua e pura
Perguntei-te sol, disseste amar....
sexta-feira, agosto 25, 2006
quinta-feira, agosto 24, 2006
A relação com a morte
Benjamin Franklin
domingo, agosto 20, 2006
A frase indispensável
Osho
De todos os que te olham :. (R)
Alguns te olham de maneira diferente
Não te olham apenas pela beleza
Do teu rosto ou a silhueta do teu corpo.
Alguém repara naquilo
Que de mais belo podes ter
Para além dessas mãos encantadas
Ou esses olhos de diamante.
Alguém deve reparar
Na tua simpatia
e busca-a freneticamente
Sem percepção de que é tua
E é natural
E na tua modéstia, alguém repara?
Humm... Que delícia!
Ver-te de mangas arregaçadas
Pronta para tudo,
Sabes demais e mais queres saber.
Fazes bem e mais sentes que deves fazer.
Até os teus gostos são interessantes.
As escolhas simples que fazes,
Os caminhos que usas para percorrer...
Mas isto, tu também sabes e sentes
Ou precisas saber para sentires:
Dos olhos que te olham, alguns te olham de maneira diferente.
domingo, agosto 13, 2006
A Veia do Poeta
Que percorre a linha recta
Fui ficando mais atento
Ao voo da borboleta
Fui subindo em espiral
Declarando-me estafeta
Entre o corpo do real
E a veia do poeta
Mas ela não se detecta
À vista desarmada
E o sangue que lá corre
Em torrente delicada
É a lágrima perpétua
Sai da ponta da caneta
Vai ao fim da via láctea
E cai no fundo da gaveta
Ai de quem nunca guardou
Um pouco da sua alma
Numa folha secreta
Ai de quem nunca guardou
Um pouco da sua alma
No fundo duma gaveta
Ai de quem nunca injectou
Um pouco da sua mágoa
Na veia do poeta
sexta-feira, agosto 11, 2006
O Alquimista
estava guardado na prateleira até que deixei a casa.
Não o li de imediato, porque sei que os livros têm alma
e por isso são eles que nos pousam nos olhos
quando mais precisamos de os ler.
Quando preparei o saco de viagem
meti-o na bolsa da mochila
imaginando ter tempo para o ler na viagem,
numa paragem, numa estação de serviço, sei lá...
Foi na segunda noite após a minha chegada à Suiça
que ele se abriu para mim.
Senti que afinal tínhamos muito em comum
e ele tal como eu passamos pelo mesmo.
Senti-me pastor, vendedor de cristais
e também persigo um tesouro.
Fiquei algumas horas perdido no seu interior
e aproximei-me do fim, fechei-o,
e hoje passados 10 dias ainda não o abri,
não sei o final, não me quis dizer o final.
Eu sei que bastava-me abri-lo
e espreitar as poucas folhas que me contam o destino final
do inicialmente candidato a padre,
mas também sei que ele se vai abrir de novo para mim
na altura certa.
Há livros que nos ensinam,
há livros que nos comovem,
há livros que nos intrigam,
há livros que nos animam,
mas este livro para mim tem sido um amigo
como uma alma que me apoia,
se pode-se imaginar seria ele
um anjo para mim.
domingo, agosto 06, 2006
A todos : .
às tardes
às noites
eu vos amo
eu vou sorrir
A todos os sons
piropos
guitarras
e assobios
eu vos amos
eu vou ouvir
A todos os caminhos
quedas
escaladas
noitadas
e piadas
eu vos amo
eu vou lembrar
A todos os recados
livros
infindaveis
desejos
eu vos amo
eu vou guardar.
A todo o credo
Deuses
acrobatas
e doces
de montra
eu vos amo
eu vou acreditar.
A todos os aparelhos
estados
criados
e convidados
eu vos amo
eu vou sair.
A todo o mundo
a todos
os meus amigos
eu vos amo
eu vou partir.
AS ILHAS AFORTUNADAS
Que não é a voz do mar?
É a voz de alguém que nos fala,
mas que, se escutamos, cala,
por ter havido escutar.
E só se, meio dormindo,
Sem saber de ouvir ouvimos,
Que ela nos diz a esperança
A que, como uma criança
Dormente, a dormir sorrimos.
São ilhas afortunadas,
São terras sem ter lugar,
Onde o Rei mora esperando.
Mas, se vamos despertando,
Cala a voz, e há só o mar.
sexta-feira, julho 28, 2006
Saudades do Futuro
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco
Há sempre alguém que nos faz falta
Ah, saudade…
Chegou hoje no correio a notícia
É preciso avisar por esses povos
Que turbulências e ventos se aproximam
Ah, cuidado…
Há sempre alguém que nos diz: tem cuidado
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco
Há sempre alguém que nos faz falta
Ah, saudade…
Foi chão que deu uvas, alguém disse
Umas porém colhe-se o trigo, faz-se o pão
E se ouvimos os contos de um tinto velho
Ah, bebemos a saudade…
Há sempre alguém que nos diz: tem cuidado
Há sempre alguém que nos faz pensar um pouco
Há sempre alguém que nos faz falta
Ah, saudade…
E vem o dia em que dobramos os nossos cabos
Da roca a S. Vicente em boa esperança
E de poder vaguear com as ondas
Ah, saudades do futuro…
RESTOLHO
e é da autoria de uma grande mulher
"
Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda
Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a viver
e a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
prá receber daquilo que aumenta o coração"
quarta-feira, julho 26, 2006
Memórias de um beijo
Num desfile singular,
Quem disse
Que há horas e momentos p´ra se amar
Lembras-me uma enchente de maré
Com uma calma matinal
Quem foi
Quem disse
Que o mar dos olhos também sabe a sal
{as memórias são
Como livros escondidos no pó
As lembranças são
Os sorrisos que queremos rever, devagar}
Queria viver tudo numa noite
Sem perder a procurar
O tempo, ou o espaço
Que é indiferente p´ra poder sonhar
Quem foi que provocou vontades
E atiçou as tempestades
E amarrou o barco ao cais
Quem foi, que matou o desejo
E arrancou o lábio ao beijo
E amainou os vendavais
terça-feira, julho 25, 2006
Bom dia : .
como o pegar numa criança
e sente o nascer do dia
como o convite para uma dança.
E tu é quem conduz
o teu par é o mundo
os teus passos são de luz
e a dança é para amar
segunda-feira, julho 24, 2006
Poema Desatinado (inédito-2ª publicação)
Concerto de violino rasgado
Flores envoltas num tornado
Rosto de filho zangado
Perdido chão de achado
És poema caricato
Repetido norteado
Confúcio e Viriato.
Louca onda batendo no cais
Profeta de doses bestiais
Rua estreita de vendavais
Carrossel desgovernado
Propulsor acelerado
Patrão alvoraçado
Potro rude cavalgado
Tu és assim e te fiz rainha
Numa noite de luar
Desejava ver-te minha
E até poder cantar
Sonetos e chilrear
Na manhã ao teu lado
Tipo dente e rebuçado
Mas rodas-te numa dança
Passo valso e desgovernado
E na volta de um beijo de ansa
Sou só teu equivocado.
As pessoas são estranhas : .
Quando nos sentimos estranhos
Explorando as entranhas do seu olhar
Eu fico estranho, quando um estranho
Me olha de lado e com significado desse olhar.
quinta-feira, julho 20, 2006
A Causa : .
Brilha como o teu sorriso
Que me invade a manhã
Com vontade de realizar um milagre:
Hoje vou ser Deus,
E tu a causa porque luto.
terça-feira, julho 18, 2006
Por Existir : .
Embalar
Destapar-te na cama e beijar.
Hoje gostava de me envolver contigo
Ser vadio
E roubar-te um momento de amigo
Hoje podíamos guardar o tempo
Em silencio
Partilhar de olhares o momento
Hoje podíamos só sorrir
Insistir
Resistir e depois partir
Podíamos deixar-mo-nos caídos
Perdidos
Confundidos
E voltar para trás querer mais
E mais
E sorrir como crianças
Como sol por entre as nuvens
Amainando a tempestade.
Hoje e amanha e depois
Sermos dois
Sem receio de proveito
Sem defeito
Porque amar é natural
Como orvalho matinal
Se ele cai é porque existe
E não é triste
Por existir.
segunda-feira, julho 17, 2006
Pequeno Pormenor
Tornam-se as grandes incompletas
Pequenas coisas fazem parte
Não te esqueças
A grande ponte para lado nenhum
Fica distante da pequena estrada
Esburacada, onde arriscas a vida
necessáriamente
E se tudo é um todo
E o todo é que importa
Não ponhas de lado
Aquilo que falta
Mesmo que não tenhas tempo
Pensa o que tens a fazer
Mede bem a importância
Dum pequeno pormenor
Um parafuso no foquetão
Um beijo ao deitar, um papel no chão
Uma prenda com cartão, um voto aqui
Ali um não
A justiça em grande faz sombra à pequena
Frágil, diária de todos
Tantas pequenas injustiças
tornam falso o sistema
A pequena dor nunca aliviada
Nas filas de espera do grande hospital
torna a doer, mesmo que te digam
vais ser atendido mais lá pro outro natal
Se tudo é um todo
E o todo é que importa
Não ponhas de lado
Aquilo que falta
Mesmo que não tenhas tempo
Pensa o que tens a fazer
Mede bem a importância
Dum pequeno pormenor
Um parafuso no foquetão
Um beijo ao deitar, um papel no chão
Uma prenda com cartão, um voto aqui
Ali um não
quarta-feira, julho 12, 2006
CHEGASTE-ME EM SONHOS
uma ilha deserta, uma gruta pré-histórica,
mas dei por mim a escrever-te cartas de amor
com estalactites, como se banhasse o chão
a derreter-me a alma com o seu frio líquido
e o seu ridículo fugaz, desproporcionado na solidão,
mas ridículas não são as cartas, apenas as palavras.
Via-te como uma deusa, uma desconhecida
filha de santa, pastora dos rebanhos sagrados
da montanha, amante da poeira de livros antigos
em homenagem à passagem do tempo, provadora
de líquens e cultivadora de plânctons, observadora
de peixes em movimento, mascarados de adjectivos,
nadando fora dos aquários ainda sem destino.
Embebido na angústia, à luz frágil de uma fogueira,
medito em coisas únicas, em quietos sobressaltos
de sombras espalhando-se no silêncio das paredes
e como foi bom apareceres por aqui, no descampado
das páginas por encher de ideias e de folhas verdes,
como as das árvores mais altas, usadas para desanuviar
a chuva nas pálpebras dos seres tristes. Anjos acabrunhados
e olvidados da sua missão obrigatória, de se render
aos benéficos percursos, desenhados por novas mãos
apaixonadas pelo teu corpo, onde não se vislumbra
até onde pode ir o sofrimento. É uma poção envenenada,
impura, a juntar na dor as carícias, como numa tempestade
se procuram os sobreviventes temerosos da morte,
e a colocá-los em altares da eternidade, na escuridão.
Olho-te nos olhos e encegueiro. Confesso-te
a impossibilidade de manter a imagem precisa
que me atormenta no centro destas palpitações
a invadir-me a memória. Mas condescendo, aceito
o preenchimento de todo este vazio, deste nada
cristalizado em versos, com o eco do teu chamado,
ciciado nas noites infinitas, obrigando-se a partir
em permanente viagem. Não conheço, ou já esqueci,
o mar de sentimentos que antes me oprimia o peito.
O dia, pressinto-o agora, fica muito longe de mim,
construído com o vão arfar de um pesadelo alado,
sepultado em ruínas pelo matagal de um existir
a que no eco das distâncias recuso revelar um fim.
Para relembrar-te deito-me com um monte de pedras
e abraço-o, acordando de madrugada, clamando por ti.
125 Azul (uma história interessante)
Que um dia selei a 125 azul
Foi sem mais nem menos
Que me deu para abalar sem destino nenhum
Foi sem graça nem pensando na desgraça
Que eu entrei pelo calor
Sem pendura que a vida já me foi dura
P´ra insistir na companhia
O tempo não me diz nada
Nem o homem da portagem na entrada da auto-estrada
A ponte ficou deserta nem sei mesmo se Lisboa
Não partiu para parte incerta
Viva o espaço que me fica pela frente e não me deixa recuar
Sem paredes, sem ter portas nem janelas
Nem muros para derrubar
Talvez um dia me encontre
Assim talvez me encontre
Curiosamente dou por mim pensando onde isto me vai levar
De uma forma ou outra há-de haver uma hora para a vontade de parar
Só que à frente o bailado do calor vai-me arrastando para o vazio
E com o ar na cara, vou sentindo desafios que nunca ninguém sentiu
Talvez um dia me encontre
Assim talvez me encontre
Entre as dúvidas do que sou e onde quero chegar
Um ponto preto quebra-me a solidão do olhar
Será que existe em mim um passaporte para sonhar
E a fúria de viver é mesmo fúria de acabar
Foi sem mais nem menos
Que um dia selou a 125 azul
Foi sem mais nem menos
Que partiu sem destino nenhum
Foi com esperança sem ligar muita importância àquilo que a vida quer
Foi com força acabar por se encontrar naquilo que ninguém quer
Mas Deus leva os que ama
Só Deus tem os que mais ama
quinta-feira, julho 06, 2006
Poema à tardinha : .
Escrito com letra miudinha
Em tom de corar
Desdenhado no olhar
Quando vês partir o sol.
És contorno em horizonte
Fio fresco de uma fonte
Rara pedra preciosa
Cor perdida de uma rosa
Entre canto rouxinol.
És apoteose, efeméride
Acaso e serie breve
Tabuada soletrada
Frase longa depravada
De final a divagar.
Não existe só fonemas
Nem existem só poemas
Nem flores nem sabores
Nem espadas nem louvores
Que te deixem acreditar?
Foi Deus que te criou?
Não foi artesão que te moldou,
Nem pintor que te fez em tela,
Nem poeta que te espelha
nessas formas mais perfeitas?
Esse olhar é tão meigo
E tudo mais de que sou leigo
Mais que sonho se te deitas
Mais que deito se te vejo
E arraso se me aceitas
E aceito num só beijo
E beijas todo o desejo
E desejas se te deitas
E deito se me aceitas
Se te beijo e desejo...
Tu aceitas?
quarta-feira, julho 05, 2006
Marcha Dos Desalinhados
fico velho
vou marchar até ao fim
isolado
nesta marcha solitária
dou o corpo, ao avançar
neste campo aberto
ao céu
ninguém sabe
para onde eu vou
ninguém manda
em quem eu sou
sem cor nem deus nem fado
eu estou desalinhado
por tudo o que eu lutei
ser sincero?
por tanto que arrisquei
ainda espero ...
esta marcha imaginária
quantas baixas vai deixar
neste sonho desperto?
Delfins
Algumas das minhas obras : .
sábado, julho 01, 2006
O Amor segundo o MEC
- A vida pode ser difícil mas a morte é demasiado fácil. A vida é diferente mas a morte é igual. A vida é comprida. A morte é um instante. Da nossa vida tudo nos é pedido e esperado. Da morte ninguém exige nada. Mais vale viver mal e errado que morrer bem a arrumado.
- Um menino é um fascista com lapsos de anjinho. É um tirano-junior maníaco depressivo de lágrima-puxa-risota e risota-puxa-birra, com o coração mais branquinho, a transbordar de fuligem e de maldade. É um psicopata com as asas presas nos suspensórios.
- Voltar a Portugal é como voltar a fumar: é maravilhoso e, ao mesmo tempo, horrível.
Miguel Esteves Cardoso - O Amor é Fodido
quinta-feira, junho 29, 2006
Fizeram os dias assim
Por mais que soltem amarras
E que se tapem as covas
Por mais que rasguem os quadros
Por mais que queimem as leis
E que os costumes esmoreçam
Por mais que arrasem as feras
E que os papões arrefeçam
E que as bruxas se convertam
Por mais que riam as caras
E que ternura se esqueça
Por mais que o amor prevaleça
Vocês
Fizeram os dias assim!
Não nos venham pedir contas
Não venham pôr-nos regras
Sabemos que os nossos dias
Não vão ser gastos assim!
terça-feira, junho 27, 2006
Há dias assim : .
Ao virar de um sinal
Dias que nos correm como
Noticias de jornal
Há dias quentes de espírito
Que nos aumentam o coração
Dias como poemas inacabados
Rasgados pelo chão
Há dias que perdoamos
Se nos chamam campeões
Dias perdidos no nada
Como casas sem botões
Há dias que tropeçamos
Pela Fé e pela moral
Dias que saímos nus
Porque o que conta é natural
Há dias de gritar:
-O chefe não manda nada
Dias de beber água
Porque a republica esta parada
Há dias de S. Valentim
Ode a Camões irmão
Dias que são tramados
Como pulga no caixão
Há dias de semear
Disfarces de ditador
Dias de deitar para trás
Engolir sapos e fazer amor
Há dias que nos cativam
E receamos o seu fim
Arejados, saltitantes e gentis
Há, por acaso, dias assim…
Murmuras : .
Nos olhos e no toque,
Te sorrio à procura sempre do outro lado de mim
E busco freneticamente o teu sorriso,
A tua atenção,
Sou o farol que desvia o teu olhar
E te guia até ao meu porto de abrigo
Sou a tua sombra, o teu amante,
A tua costura no peito, o teu amigo.
Sou a cambalhota do trapezista
Que sustêm o teu respirar
Sou o teu sapato gasto,
E hoje vamos dançar.
Procuro-te na poesia
Pedaço de papel quebrado
No bolso da fantasia
Guardei o teu toque
A tua pele, o teu rosto, o teu dourado.
Joguei contigo aquela peça
Dois lançamentos, casa preta
Trocamos sinais e acertamos.
Ainda tive tempo de ser o brilho nos teus olhos
Segundos de felicidade que valem uma vida.
sexta-feira, junho 23, 2006
onde te vais esconder?
Que trago em mim,
São gritos que penso
Que calo assim.
Desculpa as palavras
Que não saem da voz,
São noites cansadas,
Pedaços de nós.
E tu, onde te vais esconder?
E tu, onde te vais esconder?
Desculpa o beijo,
É o desejo a morrer.
E tu, onde te vais esconder?
Desculpa os dedos
Que te querem tocar,
Descobrem segredos
De suor e de mar.
Desculpa as manhãs
Em que acordas sozinha,
Levou-me a maré
As memórias que tinha.
E tu, onde te vais esconder?
E tu, onde te vais esconder?
Desculpa o beijo,
É o desejo a morrer.
E tu, onde te vais esconder?
Quanto tempo passa,
Quanto tempo tenho,
Quanto tempo fica p’ra te dar.
Quanto tempo vais,
Quanto tempo ficas longe,
Quanto tempo tenho para te dar mais?
Por quanto tempo partes,
Quanto tempo levas,
Quanto tempo deixas o teu corpo em mim?
Quanto tempo pedes,
Quanto tempo guardas,
Quanto tempo temos, quando o tempo chega ao fim?
E tu, onde te vais esconder?
quarta-feira, junho 21, 2006
Acerta-se a Rima : .
fechei-a e pedi-te um segredo
vais junta-la no teu peito
e adormecer com ela no enredo
desse teu sono
que persegues há minutos
eu vejo-o
como a montra vê os putos
como a luz vê os vultos
e desenho com o meu olhar
o teu caminho
com o meu pensamento
o teu destino
agora corres,
agora paras
olhas para a direita
olhas para cima
a lua se deita
acerta-se a rima.
segunda-feira, junho 19, 2006
REFRIGÉRIO
(Um chamado) Desejo Eléctrico
Alguém como eu e tão diferente como quem rasga um véu
Ser como ela e por dentro quente
Ser dois corpos alguém ausente
Ter que ser velho e como um bebé sonhar dormir de pé
Pago um preço ofereço um berço onde já estive doente
Pago um preço ofereço um brinquedo que embalei dolente
Ser como ela e por dentro quente
Ser dois corpos presente
Pago um preço dou um sorriso
Pago um preço o meu primeiro dente
Qual é o teu preço brinca comigo (fica comigo)
Qualquer preço recordações da avó
E pago o teu preço
Qual é o teu preço
Não te mereço
Qualquer preço
Recordações em pó.
sábado, junho 17, 2006
quinta-feira, junho 15, 2006
Manequim : .
Caia estatelado naquelas tábuas
Que juntas são um palco
O Ponto disse: -Até amanhã.
Despi aquela farda que me tornava alguém
Limpei a pintura que alegrava alguém
E em cima da mesa as mensagens do costume:
De alguém.
A chuva parou há pouco
E pela rua molhada
Espelha-se o reflexo dos néons.
Havia um diferente, meio apagado,
Tombado,
Como se tivesse os dias contados,
Fez-me erguer a cabeça,
Por entre as golas do meu sobretudo
Conseguia-se ler,
Na porta: “Vende-se”
Na montra um manequim
Vestido duma data extemporânea
Com uma cor extemporânea
Com uma pose, um cabelo e um olhar
Extemporâneos.
O rio teimava acompanhar-me
Queria contar os meus passos?
Mas aquele manequim fixava-me
Todas as ideias.
Adormeci guardado naquele olhar
De manhã acordei extasiado
Parecia que o calendário tinha parado
Não me preocupava cumprir os compromissos
Que anos havia apenas vivido.
Preocupava-me aquela montra.
Preocupava-me aquele manequim.
Duas semanas passaram
Todos os dias no final do espectáculo
Eu voltava por aquela rua
E passava horas falando para aquela montra
Não é que o manequim se ria
Por vezes dançava para mim
Fazia caretas, chorava,
Chegou até a beijar o vidro
E eu senti aquele calor labial!
Sentia-mos uma dependência além
Do natural, além do físico
Além do explicável por qualquer formula
Matemática criada até hoje.
Decidi aparecer numa tarde
A rua parecia outra
Pessoas passavam sem vida
O barulho de tudo que parecia ter vida
As crianças corriam para a vida.
As aves rasavam com vida
Dois idosos restavam da vida.
Prostitutas voltavam e vendiam
A vida.
O néon estava direito
A fachada pintada de fresco
A montra tinha outra arquitectura
Mas não havia mais manequim
Naquele lugar agora
Três arames com pano
Candeeiros de arame
Letras grandes de números
Presas em arame.
Começava a musica
Era o mote para a minha entrada fulgurante
Sei que a sala estava cheia de alguém.
Sobre as luzes dos projectores
Os olhares fixos avalizantes
E eu seco, sem sabor,
Sem manequim não havia espectáculo
Sei que não tinha alimento quando
Sai-se dali.
O Ponto aumentava a voz
Sentia que eu não ouvia.
Tudo parou,
Fez-se silêncio
Pareciam horas que me permitiram
Perceber o que cada rosto era em alguém
Apagaram-se as luzes
Desapareciam os rostos
Surgia alguém a assobiar
E ria…
E eu conhecia aquela gargalhada
Levantou-se do meio de alguém
Quem eu conhecia
Aquele manequim que agora
Aplaudia e retorquia
Com bravos e flores
Afinal existia e tinha vida
Foi liberta e procurou-me.
No meio da multidão
Não atendemos
Quem precisa da nossa atenção
Sem os pequenos sinais.
terça-feira, junho 13, 2006
Surpresa! : .
Acenderam-se as luzes
De regresso a casa,
A caixa do correio vazia.
Peguei um copo de leite
Tirei a roupa e pousei-me sobre a cama
Fiquei minutos a olhar o tecto
Branco,
Com a luz do candeeiro reflectida
Olhei para cabeceira
Estendi o braço
E puxei aquele livro
De poemas que te disse que ia ler
Na capa uma imagem de praia
Corpos desnudados
Duas palmeiras
E um por do sol
Já tem uns anos, pela imagem!
Eu já não imagino o paraíso assim.
Tocou o despertador,
Acordei alvoraçado,
Tinha adormecido a ler o livro.
Incrível como o tempo passou!
E eu nem vivi aquelas 4 horas…
Noticias na rádio,
Guerra, impostos a subir
Casos judiciais e futebol.
O computador ficou ligado
A caixa de correio cheia:
Reenviadas, reenviadas,
Publicidade, reenviadas,
Há… Uma piada nunca antes vista!
Tinha de ser do Bush.
È hora de tomar um bom banho
Colocar-me à estrada
Hoje prometo que vai ser um dia diferente
Tal como este texto que não diz nada…
Obrigado por teres lido.
domingo, junho 11, 2006
sexta-feira, junho 09, 2006
Barco para Afurada
E gente encantada,
Trocam beijos, piropos
Pedaços de nada.
Na margem espera
A pressa do dia,
Ficam presas em terra
As vidas vazias.
Atravessam soldados, amantes,
E velhos distantes
E loucos contentes,
Meninas de lábios cortantes
E olhares provocantes
Seduzem correntes.
Rasga o silêncio da estrada
Rio madrugada,
D’ouro, marfim.
O Barco para a Afurada
Cidade cansada
Tão longe de mim.
Rezam padres discretos, selectos
E amores inquietos
Navegam o rio,
Mulheres de futuro cansado
Murmuram um fado,
Enganam o frio.
Sob a sombra da ponte,
Que é a sombra do mundo,
Cada onda é um canto
De um dia profundo,
E o piloto conduz
Mais do que as gentes que leva,
São os sonhos que estão
Ancorados em terra.
Tocam-se valsas
E roçam as calças
Por entre dois passos de dança,
Despertam amores,
Esquecem-se as dores
Que o desejo ardente não cansa.
E solta-se o mar
A reboque dos sinos,
São os homens que o barco
Faz de novo meninos,
E acordam poemas
Libertos na voz,
Descobrem apenas
Que não estão sós.
Barco que trago no peito,
Meu sonho desfeito,
Espera por mim.
Agarra-me esta noite
Onde tu fores, eu vou
Se tu quiseres assim
Meu corpo é o teu mundo
E um beijo um segundo
És parte de mim
Para onde olhares, eu corro
Se me faltares, eu morro
Quando vieres, distante
Solto as amarras
E tocam guitarras
Por ti, como dantes
Agarra-me esta noite
Sente o tempo que eu perdi (mmmmm)
Agarra-me esta noite
Que amanhã não estou aqui."
quinta-feira, junho 08, 2006
terça-feira, junho 06, 2006
segunda-feira, junho 05, 2006
Quero : .
Quando sol não quiser se esconder do céu
Quero ver-te rodar de braços no ar
Ver o teu vestido cobrir-te como um véu
E se fores a cair quero-te amparar
Escrever na praia: “meu coração é teu”
Quero ver-te apanhar o último comboio
Persegui-lo até ao fim da estação
Quero amanhecer tombado em ti
Sentir o bater do teu coração
E escrever em poema tudo o que vi
E gritar que te amo no meio da multidão.
Quero saber como são os teus pés
Quando danças descalça no areal
Escolher a tua melhor fantasia
Enroscar num samba de Carnaval
E depois beber aquela sangria
Acabar num rodo de atracção fatal.
Quero descer a avenida de encontro a ti
Sacar-te um beijo no número 500
Quero pintar-te nas ruas da cidade
Contornar-te o corpo com mil beijos sedentos
Quero reunir nossos sentimentos
Nossa felicidade
Nossa harmonia
Nosso dia-a-dia...
sábado, junho 03, 2006
quarta-feira, maio 31, 2006
Cada Lugar Teu
atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoa
guardar só o que é bom de guardar
Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar
Fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçar
tudo o que eu te dei
Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só
Eu Vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar
segunda-feira, maio 29, 2006
O peão : .
sexta-feira, maio 26, 2006
Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem se põe a pensar
quando um homem se põe a pensar
Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar
E se houver
uma praça de gente madura
e uma estátua
e uma estátua de de febre a arder
Anda alguém
pela noite de breu à procura
e não há quem lhe queira valer
e não há quem lhe queira valer
Vejam bem
daquele homem a fraca figura
desbravando os caminhos do pão
desbravando os caminhos do pão
E se houver
uma praça de gente madura
ninguém vem levantá-lo do chão
ninguém vem levantá-lo do chão
Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem
quando um homem se põe a pensar
Quem lá
vem dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar
Nude @ Mondego : .
quarta-feira, maio 24, 2006
Atitude : .
Com a firmeza de uma arvore secular
Ao olhares para trás verás que a sombra
Te persegue e fará recuar.
A vontade é a ignição desse teu passo fidedigno
Por vezes na vida é apenas o que nos resta
A tal atitude. O grito do objectivo.
Dá o passo. E um dia farás a festa.
O teu livro tem tantas páginas
Tu escreves os capítulos a criar
Não sejas uma lata ferrugenta
Que se lamenta de não mudar.
Podes ser uma lata recuperada
Uma nova vida, nova utilidade.
Mas dá o passo, mexe as pernas.
Procura, mesmo em vão, a felicidade.
A vida não tem um mapa, um GPS.
Um destino, se quiseres prever
Mas o teu passo tem de ser dado
Para algo acontecer.
Rasga o dia, faz a vida mudar
Desembaraça-te desse nó
O importante é dares o passo
E não julgues que estás só.
terça-feira, maio 23, 2006
Bom dia
só me apetece dançar
há tantas caras bonitas
tantas mãos a acenar
eu sou um balão colorido e mágico - bom dia!
Ontem já passou
amanhã pode ser bom
mas hoje é o melhor dia que há
nem preciso de fé
eu felizmente não preciso de nada - bom dia!
Hoje eu sou um homem contente
ao serviço do amor
sou o próprio sonho
e desconheço a dor
eu sou o vagabundo mais feliz que existe - bom dia!
Hoje eu sou o mais forte dos deuses
mais cretino que a morte
estou por cima da queda
mais seguro que a sorte
eu sou o universo inteiro a sorrir - bom dia!
sexta-feira, maio 19, 2006
Os dias que passam : .
Deixa-me entrar
Não vês como a vida corre
Deixa-te levar
Não abras a boca
Não comas o meu queijo
Deixa-te envolver
Neste sacrilégio.
Os dias que passam
Parecem sempre iguais
Todos nos estranham
Seremos nós normais?
Pecados soltos
Nesta escadaria
Somos dois soldados
Da melancolia
Descruza as tuas pernas
Deixa entrar o ar
Dá-me sedução
Prometo não voltar.
Os dias que correm
Parecem sempre iguais
Somos respeitados
Como generais
Mas nessa gaveta
Do teu escritório
Escondes tua corneta
Debaixo do relatório
Quando a noite chega
Ligas o tal canal
Chega de novelas
Queres mais o carnal
Os dias que correm
Parecem sempre iguais
Os sapos que te engolem
São coisas banais.
Deixa-te levar
Deixa-te envolver
O mundo vai acabar
E tu, que ficas a fazer?
Saltimbanco Louco
Quero rasgá-los no meu peito
Quando aprendemos sozinhos
Parece que há mais direito
A ter inteira a tua alma
Roubar-ta quando não esperas
E abraçar-te no colo sem saberes
Como se faz a um amor que se perdera
Assim andarás comigo
Quando de ti não souberes
E não te ensino os caminhos
Para tomares os rumos que quiseres
Tenho a alma desbastada
De um sentimento sem fundo
E sou como um saltimbanco louco
Que por quase, quase nada
Se entrega ao mundo ...
Ensaio para canção : . (1993)
de formato digital
tive um convite para sexo
no lugar e hora tal.
Pus-me todo arranjadão
pus colónia aconselhada
e para recordação
dei-lhe uma rosa encarnada.
Tudo foi bem sucedido
e o lugar era perfeito
mas quando me vi perdido
nunca mais tomei o jeito
Foi ao bater daquela água
num manto sobre a areia
mesmo ali:
Junto ao rio Távora.
Foi na altura de S. João
numa fase jovial
com tanta posição
não faltou a prova oral.
Robolamos em loucura
nada mais a comentar
desde então não houve cura
tivemos de lá voltar.
Foi ao bater daquela água
num manto sobre a areia
mesmo ali:
Junto ao rio Távora.
Tararammm
quinta-feira, maio 18, 2006
S. Simão (acho um piadão)
que se chama S. Simão
onde vão frades e freiras
ouvir a missa e sermão;
e também D. Maria,
das mais altas que lá vão.
Ao entrar para a igreja
sete frades namorou;
o que estava a dizer missa
logo para trás olhou;
o que mudou o missal
sete folhas lhe rasgou;
o que dava as galhetes
todo o vinho lhe arramou;
e o que tocava o sino
do campanário saltou;
quebrava sete costelas
e um braço deslocou!
Mal haja a D. Maria
e mais quem na cá passou;
em tão poucochinho tempo
tanto mal ela causou!